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Ler é essencial para ser feliz

Por Jefferson Santos

Data de Publicação: 09 de Fevereiro de 2022

O texto que segue é uma adaptação e uma ampliação de um texto que recebi de uma amiga, no qual procuro ampliar a perspectiva da importância da leitura. Infelizmente ela não se lembra do autor original tampouco eu conheço. Todavia, aproveito para ampliar a contribuição social que o material detém.

Leitura é algo que, durante o período escolar, inflige medo e insegurança em cada aluno ao longo do processo educacional. Com frequência o aluno percebe suas mãos molhadas resultado de um normal quadro de insegurança, desconhecimento de regras de pontuação, técnicas de respiração, impostação de voz, postura adequada, qualidade gráfica do que se vai ler, além do campo cultural e intelectual com possíveis limitações.

Tal elenco "desconfortável" geralmente reflete uma simples ausência de leitura prévia do que se pretende expor. Isso é muito comum para quem é "pego de surpresa" para ler algo, pois não consegue ler e declamar simultaneamente. Isso causa embaraços e enfado para quem escuta.

Locutores de rádio, mestres de cerimônia, condutores de eventos sociais dentre tantos outros profissionais que buscam prender a atenção de determinado público necessitam, continuamente, exercitar a leitura condicionando a respiração ao texto e enfatizando a voz em determinadas palavras chaves, que visam trazer "atenção", ou impacto no que se escuta e entende.

Ler significa conhecer, interpretar, decifrar. Note como é embaraçoso ler para outros ouvirem algo que não sabemos o que é. Determinado texto pode, por exemplo, trazer palavras, terminologias e pronúncias desconhecidas. O resultado será desconfortável, por certo.

Nos dias atuais quando existem tendências de inúmeros termos estrangeiros serem inseridos na comunicação nas suas diversas formas, penaliza-se a compreensão e um eventual aprendizado. Piora-se a situação caso se tente traduzir para o português.

Quando se lê ou se convive com determinada linguagem estrangeira existe a tendência de incorporação dessa forma de comunicação. Percebemos como engenheiros, médicos, psicólogos, políticos, aeronautas, controladores de voo, e tantos outros profissionais formam verdadeira "legião de comunicadores sintonizados" usando palavras, termos técnicos, frases e, se duvidar, o conteúdo inteiro sem se entender absolutamente nada. Parecem até que falam outro idioma. Essa característica os diferencia dos demais grupos (uma "grife") quando unifica o processo de emissão, interpretação, entendimento e prática do esperado.

Ocorre que para o "cliente final", aquele que precisa entender o que foi falado ou o que ele lê não é aproveitado, ele não entende e também não aprende.

Encontramos na mídia pessoas que querem se comunicar quando se é imprescindível saber primeiro quem será seu público: nível de formação, grau de escolaridade, experiências, cursos envolvidos. Imagine a cena, no mínimo louca, alguém com linguagem de mestrado falando pra pessoas em fase escolar básica... Muita gente olhando para o teto, olhando o celular, fazendo palavras cruzadas etc. O assunto não passa pelo campo "compreensão", não "entra na zona de conforto".

Um outro grave problema que verifico hoje, tanto nas mídias sociais como na mídia impressa, é falta de qualidade do material escrito. Apesar de erros de grafia ou de concordância não ocorrerem com frequência, percebo muitas falhas na composição do material escrito:

  • falta uma introdução ao que está sendo apresentado quando, via de regra, "empurra-se" o conteúdo sem a preocupação de convidar o leitor a querer prosseguir na leitura;
  • quando há uma introdução ela constantemente não "antecipa" o assunto e, com assombrosa frequência, segue o "lead" da matéria e as linhas que seguem tentam apresentar um certo grau de "erudição" ou de "expertise" do escritor, na vã esperança de convencer o leitor de que ele merece ser lido;
  • os parágrafos que compõem o "desenvolvimento" do texto, quando em vários artigos ou reportagem sensacionalistas, também com frequência não seguem o que o título ("lead") propôs, aliás esse é o erro com o qual mais me deparo diariamente;
  • o desenvolvimento também não apresenta parágrafos em um "discorrimento" do assunto ou do tema em uma sequência coerente. Pelo contrário, parecem ser "espremidas para caber" dentro do texto;
  • os parágrafos do desenvolvimento também não se esforçam em fazer o leitor se situar bem, refletir, se aprofundar na reflexão e chegar à sua própria conclusão. Comumente são colocados no tipo: "é isso aí e pronto";
  • por fim, o parágrafo que finaliza o texto não apresenta uma conclusão do autor, muito menos, como ele encerra a mensagem, se há algum motivo, uma opinião, algum tipo de "medidas recomendadas" (quando texto profissional ou técnico"). Ou seja, não convence por não haver o famoso "e daí?".

Como, então, evitar esses problemas?

Sempre falei para meus alunos, para colaboradores que a comunicação é o principal "cartão de visitas" de um indivíduo, de um profissional. Qualquer pessoa induz ou convence outrem a lhe respeitar, a acreditar e confiar no que ela faz ou diz. Quando o processo de comunicação (falada ou escrita) é sofrível o dano já está feito.

Sempre usei uma frase: "Se algum diretor de uma empresa ou corporação (à qual a sua empresa ou setor que você estiver subordinado) pegar o telefone para perguntar o que você quis dizer com o que você escreveu, seu emprego já "subiu no telhado". A maioria das dispensas para as quais me pediram orientação ou mentoria, a comunicação incipiente foi um dos principais fatores. Aliás, comunicação e leitura influenciam, fundamentalmente, o desempenho laboral de um indivíduo.

Evita-se tudo isso aprendendo a se comunicar bem.

Para se comunicar bem é necessário ler, entender, saber decifrar e elaborar uma linguagem de "tradução" do que se quer falar. Não adianta "falar bonito" se aos olhos, ou melhor, aos ouvidos não treinados do receptor não se permite ou não se induz o entendimento, por fim, não estabelece a comunicação. Contudo, a excelência no processo de comunicação só será obtida se o emissor (orador ou escritor) estudar, ler muito e buscar absorver o conhecimento pretendido com tais leituras para se atingir o objetivo esperado: Se fazer entender e agregar valor ao processo como um todo.

Qualquer que seja o setor de atividade na qual você estiver empregando suas competências leia muito, estude, seja curioso e pesquise para aprofundar os conhecimentos que já possui.

O hábito de leitura é fundamental para o sucesso pessoal e profissional. Ao longo de minha carreira como militar, piloto civil, professor universitário, líder de equipes multifuncionais e multiministeriais todas as pessoas que conheci e que se destacavam em suas atividades tinham o hábito de leitura. Aliás, encontrei-me e lidei com várias pessoas diferentes ao longo do território nacional e nunca me deparei com uma pessoa que lesse muito que fosse mal remunerada ou que não ocupasse uma função ou cargo de destaque.

Pense nisso. Aprimore sua leitura, obviamente lendo muito. Questione o tempo todo. Busque e obtenha respostas. A leitura, sobretudo, liberta.

Leia muito e viva mais feliz.

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Simples e perfeito. Muito obrigado por compartilhar o conhecimento!

Sobre o autor

Jefferson Wanderley dos Santos atualmente é Professor, Consultor, Palestrante e Facilitador. Foi piloto militar e civil em mais de 15 aeronaves (aviões e helicópteros) de diferentes tipos e piloto offshore (SK-76C) na Líder Aviação. Possui, no total, mais de 5.000 horas de vôo. Possui ampla experiência em Planejamento Institucional com base em Avaliação de Cenários (organizacional e institucional: Brasil e América do Sul) atuando em treinamentos como orientador de diplomatas civis e militares no módulo Peace Operations Executive Seminar do Pearson Peacekeeping Centre no Interamerican Defense College em Washington - DC - USA e no módulo Large Scale Emergencies and Desasters Seminar também no Interamerican Defense College em Washington - DC - USA. Possui ampla experiência em Consultoria para organizações do Comando da Aeronáutica na área de Gestão Estratégica de Recursos Humanos. Proferiu palestras sobre Gestão de Recursos Humanos na Aeronáutica para militares dos países das três Américas e Caribe no 27º Comitê de Gestão de Recursos Humanos e Ensino em Winnipeg, Manitoba, Canadá.

Proferiu palestras sobre o Brasil e seus cenários social, político e econômicos para diplomatas civis e militares do Interamerican Defense College e National Defense University, ambos na cidade de Washington - DC - USA no ano de 2007; foi coordenador acadêmico no Interamerican Defense College, Washington- USA, 2007 a 2008; foi professor-chefe do Curso de Política e Estratégia Aeroespaciais na Universidade da Força Aérea RJ no ano de 2009; possui ampla experiência em Assessoramento e Avaliação de Processo Decisório para funções de assessoria, chefia e direção de organizações do Comando da Aeronáutica.

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