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A especialidade não leva a competência

Por Fernanda Alves Chaves

Data de Publicação: 08 de Novembro de 2007

Chega um determinado momento da sua vida em que você se sente um completo incompetente. Por incrível que pareça, ter este sentimento é tarefa que exige muito esforço. Sim.... pois só se sente incompetente, quem já foi bom em alguma coisa. Os outros pobres diabinhos, que nunca foram bons em nada, não sofrem deste mal que assola a consciência dos bons profissionais.

Dia após dia, vejo pessoas se sentindo incompetentes, dentro das empresas. Isso é mais feio que briga de foice no escuro.

"Um tempo atrás" um conceito empresarial foi colocado em discussão. Acreditamos que o maior bem de uma empresa é seu capital humano. Até que enfim!!! Daí em diante, iniciamos uma busca frenética por crescimento pessoal e profissional com o intuito de nos transformarmos no empregável mais disputado do mercado de trabalho. Ao longo dos anos fomos nos aprofundando em tudo o que nos interessava - e até em outras que não.

Independente do tipo de especialidade que você tenha optado, tenho certeza que você a tem. Tem gente especialista em processos químicos, especialista em segurança tecnológica, em nanotecnologia e outros em bolos de casamento. Não esqueçamos dos especialistas em ornitorrincos e dos que sabem tudo sobre roubo a cofres públicos. Tem até um tipo de especialista que faz parte de uma casta superior, são os especialistas em ser especialista. O membro-mor e um dos representes mais ativos da classe é Caetano Veloso. Ele sabe tudo sobre qualquer coisa. Uma maravilha, quase um Google.

Anos depois daquele "tempo atrás", chegamos no "tempo de agora". E aquele conceito de crescimento nos fez progredir, pois fomos atrás da nossa melhoria contínua. Já não temos problemas em sermos bons, em contrapartida, agora temos um outro problema. Não sabemos onde e nem como usar toda esta especialidade? E quando não achamos funcionalidade para a especialidade, a tal da sensação de incompetência bate a nossa porta. Uia...

Partindo disso, em qualquer ambiente, nos deparamos com dois tipos de incompetentes. Um com dificuldades de tomada de decisão, que diante de tanta especialidade não consegue escolher qual o melhor lugar pra aplicar seus conhecimentos. E um outro, não tão sortudo, que não consegue sequer pensar em um bom lugar para aplicar o que sabe. E sim, acredito que essa última seja a pior, pois está mais empacado que burro de mascate.

Deve ser muito triste acumular tanto conhecimento e experiências ao longo dos anos - as custas de grandes sacrifícios - e depois perceber que isso tudo perde seu valor, pelo simples fato da pessoa não saber como usar aquilo para ser feliz.

Que você é incompetente em algo, em alguma coisa ou com alguém, já deves saber, pois todos aqui somos seres humanos e imperfeitos.

Agora o convido a uma grande reflexão. As perguntas que não querem calar são...

  • Você é especialista em que?

  • O que você tem feito para aumentar ou melhorar suas especialidades?

  • Que tipo de incompetente você é?

  • O que você tem feito para eliminar ou diminuir sua incompetência?

Sobre a autora

Fernanda Alves Chaves é daquelas pessoas que buscam o que ainda há de humano em um ambiente dominado pela tecnologia. É administradora, especialista em Gestão de Pessoas, profissional de RH e professora universitária. A verdade mesmo é que ela gosta de gente, e é figurinha fácil entre os ambientes dominados por nerds, geeks, etc. Se empenha em ver toda a gente crescer, melhorar, atuar em redes. E, na visão dela, as pessoas começam a formar redes antes de chegarem perto de computadores! As redes se formam de mãos dadas, da troca de olhares, de palavras e... pois bem, também de e-mails, mensagens instantâneas e scraps. Independente dos meios, redes serão sempre de pessoas às quais a tecnologia deve servir, nunca o contrário. É para lembrar disto, sempre, que Fernanda nos brinda com sua coluna no Dicas-L!

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