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Colaboração: Joao S. O. Bueno
Data de Publicação: 04 de Março de 2009
O toolkit e bibliotecas Qt (lê-se ?cute?) é uma das principais bases do Desktop livre hoje, sendo mais conhecido por ser a fundação de todo o ambiente KDE - o que implica em centenas de aplicativos escritos usando o mesmo, disponíveis em qualquer distribuição Linux e mesmo alguns para o Windows.
Trata-se de um conjunto versátil de bibliotecas C++ incluindo um toolkit para criação de componentes gráficos, componentes para desenho e multimídia, funcionalidades de base para complementar o C++ sem a necessidade de bibliotecas de outros eco-sistemas (I/O, tratamento de texto Unicode, conexão à DB, etc?)
Mesmo sendo escrito em C++ a Qt sempre esteve disponível para múltiplas linguagens, com ligações para Java, Python, Perl e outras - e sempre foi multiplataforma, disponível para Windows, Linux, vários Unixes incluindo Mac OS/X. Isso significa que um programa gráfico feito em Qt (seja em C++ ou outra linguagem) pode funcionar em várias plataformas distintas sem alterações. Isso representa um grande contraste com aplicações feitas usando os componentes nativos do ambiente Windows, por exemplo, que estão amarradas à esta plataforma.
A biblitoeca Qt tem um histórico interessante - sendo em um certo momento oferecida gratuitamente para uso em projetos de Software Livre, mas com licenciamento proprietário, tornou-se a base para o KDE 1.0 - ambiente de desktop que trouxe várias inovações e facilidades para o desktop Unix. Com o lançamento do Gnome, projeto baseado na similar, mas livre, bilbitoeca GTK+, a pressão para uma cadeia 100% livre para o KDE acabou por fazer com que a Trolltech, sua empresa mãe, o disponibilizasse com licenciamento duplo: livro sob a GPL para Linux e Unixes, e exclusivamente proprietário comercial para Windows.
O tempo passou, e com o lançamento da Qt 4.0 há 3 ou 4 anos, foi disponibilizada uma versão com licenciamento GPL também para Windows. O licenciamento GPL, sempre é bom lembrar, estabelece como condição que os programas que façam uso de alguma parte do código - inclusive chamada de funções em bibliotecas dinâmicas - a oferecerem um licenciamento compatível: sem restrições de cópia e uso, e direito de aquisição do código fonte pelo cliente final.
Essa restrição, embora na prática para aplicativos especializados (ou seja, qualquer coisa que você não vá fazer 100, 200 mil cópias e por em caixinhas coloridas na FNAC), não faça tanta diferença em termos comerciais - afinal, você quer fazer mais dinheiro com suporte e treinamento do que depender de 50, 100 vendas por ano - é contrário ao senso comum estabelecido na indústria de T.I. para o desenvolvimento de aplicações comerciais. Portanto grande parte desse universo se manteve afastado da biblioteca Qt, possivelmente a desconhecendo até hoje.
Hoje, 3 de março de 2009, a Qt Software (agora controlada pela Nokia, que comprou a Trolltech) lança a Qt 4.5 - que pela primeira vez disponibizando-o também sob a LGPL v2.1- Uma modalidade de licenciamento que permite o desenvolvimento de aplicacativos proprietários sem qualquer ônus para o seu criado. A Nokia espera com isso difundir o uso da Qt em ambientes corporativos - antes receosos ou da GPL, ou do custo monetário da versão proprietária da biblioteca.
Além da nova modalidade de licenciamento, a versão 4.5 da Qt ainda trás várias inovações, acrescentadas as centenas de funcionalidades já existentes. De acordo com o anúncio oficial:
?Um sistema gráfico plugável, suporte a arquivos ODF, um componente Webkit atualizado que suporta HTML 5, plug-ins de Netscape (por exemplo, o Flash) e o engine de javascript SquirrelFish?
(veja a lista completa de funcionalidades em http://www.qtsoftware.com/products/whats-new-in-qt)
Não é a primeira biblioteca com toolkit gráfico multi-plataforma e multi-linguagens disponível com licenciamento livre com permissão para desenvolvimento proprietário. Destacam-se, entre as de mais alto nível, as próprias Swing e AWT do Java, a GTK+ usada pelo ambiente GNOME e aplicativos como o GIMP e o OpenOffice, a WxWidgets e TKinter. Nesse universo a Qt+ 4.5 não é apenas ?mais uma?, disponibilizando sem dúvida os componentes de mais alto nível para entrega de aplicações ricas - em termos de componentes gráficos - e com integração de funcionalidades multimídia, tudo disponível de uma única fonte.
O lançamento da biblioteca é acompanhado por uma nova versão do Qt Creator - ambiente de desenvolvimento, também com licenciamento livre.
Confira todo o projeto em http://www.qtsoftware.com/, ouvá direto para a página de downloads em http://www.qtsoftware.com/downloads.
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