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Colaboração: Bruno Buys
Data de Publicação: 16 de Março de 2007
O dcraw fez 10 anos de idade no dia 23 de fevereiro. Ele é um utilitário que permite a decodificação de mais de 240 formatos proprietários de imagens de câmeras digitais. Sim, câmeras podem gravar imagens em jpeg, e é o que a maioria delas faz, e para vê-las não é necessário nenhum software especial. Mas podem também gravar no formato cru (ou 'raw', em inglês), que é mais apropriado para trabalho avançado em fotografia e impressão em alta resolução. E para decodificar os formatos crus, o software livre mais usado da atualidade é o dcraw.
O projeto é tocado por Dave Coffin, e mora em www.cybercom.net/~dcoffin/dcraw. Apesar do tamanho modesto, ele é de fundamental importância para o trabalho em fotografia avançada no GNU/Linux.
Câmeras digitais avançadas e/ou profissionais são capazes de gerar arquivos 'crus', ou seja, que contém todos os dados luminosos captados pelo CCD, com pouco ou nenhum tratamento na câmera e sem a perda de informação característica do jpeg. Estes arquivos, depois de serem convertidos para formatos como o tif ou ppm, são o melhor material para serem tratados em softwares de edição de imagem. E é aqui que o problema começa: cada fabricante de câmeras tem seu formato cru específico, diferente e incompatível. A cada nova geração de câmeras os formatos mudam, e como se isso não bastasse, alguns fabricantes (Nikon, por exemplo) parecem estar optando por criptografar os dados dos arquivos crus. Junto com a câmera o fabricante fornece uma mídia de instalação do software decodificador... para Windows ou Mac, é claro. Versão para GNU/Linux, sem chance. Abrir especificações dos formatos de arquivos, então, nem pensar.
O Dave Coffin passa a maioria do tempo de trabalho no dcraw fazendo engenharia reversa dos formatos de arquivos de câmeras. Segundo uma de suas entrevistas, ele até já se tornou bom na coisa! E o dcraw tem sido usado em uma série de outros programas livres ou nem tanto (somente uns trechos do código está sob a gpl, o resto é domínio público, mesmo).
O dcraw se tornou uma ferramenta presente na maioria das distribuições modernas. É pequeno, rápido e portável. E, segundo alguns fotógrafos, produz resultados *melhores* do que os softwares originais dos fabricantes.
Quem quiser se informar mais sobre a briga de foice em torno dos formatos crus pode ir até www.openraw.org. É uma iniciativa para pressionar a indústria a abrir especificações, ou a aderir a um formato raw público.
Nada melhor para comemorar o 10o aniversário de um software do que lançando uma nova versão!
O Dave não descansa: para a versão 8.60 ele implementou um novo tipo de filtro capaz de separar a informação real do ruído com mais precisão, melhorando até mesmo imagens de ISO mais baixo.
Se você tem uma câmera que grava em raw, uma olhada no projeto é altamente recomendada. Tem man page e ajuda em português. E se você não tem, vale conhecer o projeto assim mesmo. É um belo exemplo da força do software livre.
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