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Colaboração: Rubens Queiroz de Almeida
Data de Publicação: 05 de Fevereiro de 2000
A educação é o setor, segundo diversos especialistas, que oferece o maior potencial de crescimento nos próximos anos. A iniciativa privada vem explorando diversas possibilidades nesta área, estabelecendo parcerias e lançando raízes em um mercado em expansão e com necessidades nas mais diversas áreas, desde a educação formal a cursos profissionalizantes.
O uso do computador na educação, seja em cursos totalmente a distância como em cursos onde o computador é apenas um item a mais, propiciando um melhor acesso a professores, material didático e outras atividades, é sem dúvida alguma imprescindível.
A tecnologia e a infraestrutura necessária para o emprego de computadores na educação, dependendo da solução adotada, pode se tornar proibitiva, gerando mais um fator de exclusão. Somente instituições com elevados recursos financeiros para investimento nesta área poderiam oferecer a seus alunos acesso a esta tecnologia fundamental nos dias de hoje.
O software livre, embora não seja uma solução universal, pode contribuir significativamente para a disseminação e uso em larga escala de soluções eficientes e de baixo custo para a educação, a distância e mediada por computador.
A quantidade de relatos do uso bem sucedido do software livre em escolas e universidades são prova da viabilidade desta alternativa. Apesar do preconceito em geral contra o emprego de soluções baseadas em software livre para a educação em geral, os casos de sucesso são numerosos e representam uma prova eloqüente de sua viabilidade.
Ao considerarmos o uso de computadores na educação, temos que considerar diversos fatores, como hardware, software, infraestrutura de redes e recursos humanos.
A seguir, fazemos uma análise de todos estes aspectos considerando soluções proprietárias e livres.
Os sistemas operacionais proprietários modernos, para garantir um fluxo de receitas financeiras constante, precisam criar em seus usuários a percepção de que as constantes atualizações são necessárias. Conseqüentemente tornam-se pesados e carregados de penduricalhos tecnológicos desnecessários e não utilizados.
Uma conseqüência perversa desta necessidade mercadológica que as empresas de software enfrentam é a criação de sistemas operacionais viáveis apenas em computadores de última geração, fora do alcance da maioria das escolas e universidades públicas.
Sistemas operacionais livres, por outro lado, têm como preocupação central a funcionalidade e eficiência. Tradicionalmente podem ser empregados em um amplo espectro de computadores, dos mais antigos aos mais modernos. Laboratórios de ensino, servidores Web, servidores de email e muitos outros serviços, podem ser criados de forma rápida e simples, com recursos já disponíveis.
Apenas para citar um exemplo nesta linha, o Centro de Pesquisas Agrícolas da Unicamp, CEPAGRI, até pouco tempo atrás hospedava seu servidor Web em um computador modelo 486, 33MHZ, com 16 MB de memória RAM. O CEPAGRI todos os dias tem uma exposição na televisão fornecendo a previsão do tempo para a repetidora da rede Globo, e contabiliza milhares de acessos diários. Seu servidor Web, além de fornecer a previsão do tempo, disponibiliza também imagens de satélite para download. Um fator a ser lembrado é que com a rápida evolução dos sistemas livres, a instalação e configuração de um servidor Web pode ser feita com pouquissima intervenção por parte do usuário, com a maior parte do processo sendo totalmente automatizado. Este serviço roda hoje em um computador 486/66MHZ, com 32 MB RAM.
No México, temos o projeto RedScolar, que tem como principal objetivo criar laboratórios de ensino em escolas públicas empregando software livre. Este projeto desenvolveu uma versão adaptada do sistema Red Hat Linux, que permite a auto-instalação e oferece uma configuração voltada para as necessidades pedagógicas das escolas.
Na Austrália temos o projeto [ComputerBank http://www.computerbank.org.au que fornece sistemas baseados em GNU/Linux para famílias de baixa renda, organizações comunitárias e escolas com poucos recursos financeiros. Contando principalmente com o trabalho de voluntários, este projeto já conta com filiais em diversas partes da Austrália. São utilizados neste projeto computadores tão antigos como os 386.
A grande questão do emprego de software proprietário na educação reside em seu custo. Em países como o Brasil, onde mesmo itens básicos como energia elétrica, para muitas escolas, são um sonho distante, o que dizer então da necessidade de investimento em software, além do hardware?
Somando-se o custo do hardware ao custo do software, o custo de um computador pode chegar facilmente a R$ 4.000,00 ou R$ 5.000,00.
Tais valores, por si só, inviabilizam a maior parte dos projetos para informatização de escolas.
Além do custo em si, temos que considerar outros fatores importantes:
Também na montagem da infraestrutura de redes o software livre pode trazer sua contribuição. Na parte de roteamento, existem soluções que permitem que computadores como 486, com o sistema GNU/Linux em um disquete, realizem funções de roteamento. A contratação de conexão à Internet de alta velocidade, oferecidas por diversas empresas de telefonia, pode prover soluções de baixo custo para escolas e universidades a laboratórios de ensino e salas de aula.
A configuração é extremamente simples visto que em caso de problema com algum equipamento basta substituí-lo e inserir o disquete com o sistema para tudo voltar ao normal.
Soluções baseadas em software livre requerem especialistas, porém podem ser mantidas e implementadas de forma consideravelmente mais rápida, por equipes substancialmente menores que suas equivalentes proprietárias.
A maior parte das distribuições GNU/Linux modernas oferecem um processo de instalação rápido e simples. Além disto estes sistemas oferecem recursos para instalação automática, que permitem a rápida duplicação de configurações.
O trabalho de administração diário também é consideravelmente reduzido. Distribuições como a Conectiva Linux oferecem um sistema de atualização pela Internet que permite a instalação e atualização de forma bastante simples e rápida.
Adicionalmente, sistemas baseados em GNU/Linux e outros sistemas livres, são livres de vírus. O gerenciamento de ambientes expostos a centenas de novos vírus semanalmente requer recursos humanos consideráveis e geram um impacto tremendo em qualquer organização.
O emprego de software livre na educação é uma alternativa imprescindível a qualquer projeto educacional, tanto no setor público como privado. Fatores tais como liberdade, custo, flexibilidade são estratégicos para a condução bem sucedida de projetos educacionais mediados por computador.
Apesar do preconceito que cerca o software livre, disseminados em sua maior parte por pessoas ou empresas a quem este modelo é prejucial, existem diversas instituições, muitas delas de renome, baseando toda sua estratégia de negócios ao redor de software livre.
Para o setor educacional, muitas vezes carente de recursos, o software livre é uma alternativa viável e que deve ser considerada seriamente.
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