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Com tantas técnicas de gestão, por que o desperdício nas empresas ainda é tão elevado?

Por Ivan Postigo

Data de Publicação: 20 de Novembro de 2014

A tecnologia tem colocado à disposição do mercado equipamentos cada vez mais avançados, as matérias-primas melhoraram consideravelmente, as forma de produção mostraram avanços substanciais, mas nem por isso a maioria das empresas chegou perto da chamada perda zero!

Uma análise cuidadosa e criteriosa mostrará que recursos são desperdiçados todos os dias. Por que será que isso é tão comum, se os processos nas empresas são extremamente repetitivos?

Caso não concorde com essa afirmação, faça uma auditoria nas atividades operacionais da sua empresa, das mais simples às mais complexas, e compute os erros. Ficará assustado com o que encontrará. E se levantar os tapetes, o espanto será ainda maior.

Não nos damos conta, mas aprender e fazer costumam levar ao esgotamento. Por isso reciclar é fundamental!

A aplicação de novas técnicas e novas formas de conduzir um trabalho requer algo que pode parecer estranho: desaprender.

A prática nos leva ao automatismo, este ao vício, e o vício ao erro...

Posso afirmar com segurança por toda vivência e exposição diária dentro das indústrias: Com frequência, vejo sempre lotes inteiros de peças sucateadas, resultado do automatismo. Isso também ocorre com tarefas nas áreas financeira e comercial.

A supervisão dos trabalhos não deve ter a função punitiva, mas de orientação e correção.

Operacionalmente, quanto mais prática ?pegamos?, mais virtudes e vícios desenvolvemos.

Quando o mouse surgiu no mercado, muitas pessoas tiverem dificuldades em usá-lo. Tinham desenvolvido memória e habilidade em usar a primeira letra das funções de muitos programas, e o mouse as tornava lentas. Principalmente em se tratando de planilhas eletrônicas.

À medida que desaprendia e esqueciam aquele procedimento, ganhavam novas habilidades e desenvolviam outras virtudes.

Podemos ter vícios, resultado de nossas habilidades? Perfeitamente! Basta aplicar um método errado de forma sistemática. A sabedoria nos lembra que o vício é contagioso, mas também que não tê-lo pode não acrescentar nada à virtude. Que enrascada!

Veja o que nos diz Sêneca: ?A virtude é difícil de se manifestar, precisa de alguém para orientá-la e dirigi-la. Mas os vícios são aprendidos sem mestre.?

Aqui entram as consultorias, que buscam a introdução das virtudes e a eliminação dos vícios.

É verdade que esse é um trabalho que em nosso país acaba não recebendo a mesma atenção que em países mais desenvolvidos. Ora, desenvolvimento tem a ver com o balanço entre acertos e erros. E estes com virtudes e vícios. Virtudes e vícios com educação e conhecimento.

Em contraponto: A prosperidade descobre o vício; e a adversidade descobre a virtude. Assim é a vida em busca do equilíbrio.

A questão é quanto tempo tem uma empresa para essa descoberta antes do fracasso de um projeto ou do fracasso total?

Esse assunto tratado dessa forma parece óbvio, porque seria, então, negligenciado?

Por uma razão muito simples: o óbvio é invisível!

Por ser invisível às mentes e olhos despreparados, é recurso dos mágicos.

Sobre o autor

Ivan PostigoIvan Postigo é economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas. Escreve artigos com foco nos aspectos econômicos e de gestão das empresas para jornais e revistas. Desenvolve consultoria e palestras nas áreas mercadológica, contábil/financeira e fabril. Autor do livro: Por que não? Técnicas para Estruturação de Carreira na área de Vendas.

Veja a relação completa dos artigos desta coluna