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Gestão, como a rapadura, é doce, mas não é mole não!

//Por Ivan Postigo //

Data de Publicação: 24 de Maio de 2011

Que tal fazer parte de um conselho de administração, com o todo direito de cobrar e nenhuma obrigação de decidir?

Pois é, vamos encontrar muitos exemplos nesse sentido. Enlouquecendo os gestores que se debatem em busca de resposta para as inúmeras perguntas que eles próprios fazem a respeito dos negócios, sem que existam efetivas contribuições.

Ta sem "pique"? Vai pro conselho!

Errado. Ajude a pensar...

Assistindo a defesa de uma tese na universidade, ficamos, certa vez, irritados com a forma com que os doutores se dirigiam ao doutorando. Não apenas pelas perguntas, mas pela arrogância com que eram conduzidas, que não levariam a lugar nenhum.

Como platéia nada podíamos fazer, apenas ficar o amargo gosto na boca.

Passado alguns dias, encontramos em classe um dos examinadores e questionamos a razão daquele comportamento, que tanto constrangimento gerou a todos que estavam presentes.

Consciente e aborrecido com o fato, sabíamos que houvera repercussão, respondeu com certa tristeza e ironia: - Acontece que esse é dia em que os sábios se reúnem para fazer perguntas inteligentes.

E nos perguntou: - Sabem por que o número de dissertações e teses defendidas é pequena, proporcionalmente ao número de pessoas que cumprem os créditos? Porque não damos apoio nenhum e as orientações são precárias. Pior do que isso é o fato de que o material, após a defesa, ficar praticamente abandonado na biblioteca e raríssimas vezes alcançar o mercado.

Sei muito bem disso, passei muitas horas dentro da biblioteca da universidade, revirando tudo que podia para escrever duas dissertações e constatando que muitas, dissertações e teses, que lá estavam, jamais haviam sido folheadas.

Ora, se procurando patrocínio para publicação e enviando o texto para todas as editoras já é difícil, imagine um material catalogado e arquivado? Vamos no popular: esquece!

Trabalhos, quanto mais complexos, precisam de apoio e orientação e não cobranças sem propósito.

Vou usar o raciocínio de um amigo: "Se, para ter resultados, você tem que cobrar o tempo todo, manda embora! Profissionais sérios, competentes não precisam de cobrança, precisam de luz!"

Na minha vida profissional sempre gostei de "sapo de fora".

Sabe aquele sujeito competente, companheiro, sempre pronto para ajudar, que "saca" o que você está fazendo, que chega ao seu lado, espia por cima do ombro sua tela de computador e diz: - Por que você não faz assim? E na hora você não sabe se quer morrer ou matá-lo, pois te dá uma dica de fazer inveja? E você fica se perguntando de onde aquele "maldito" tirou aquela idéia?

Agradeço aos deuses da gestão por terem me premiado com algumas dessas feras! Sabe o que é bacana nesse processo? A amizade para toda a vida!

Mas também tem aquele outro que fica rodeando, e você aproveita e o convida para sentar a seu lado para te ajudar a pensar. Depois de duas horas explicando, ele ainda não entendeu o "lance".

Lá no fundo você pensa: por que fui fazer essa...

A vida profissional é assim, cheia de desafios, pouco apoio e orientação, por isso é fundamental saber escolher seus pares.

A sabedoria em gestão pode ser vista na estruturação de equipes de trabalho e na composição dos conselhos de administração que ajudam a pensar, não apenas criticam, como nefastos e vazios exercícios de poder.

Tornar uma empresa lucrativa e perpetuar esse estado, cada dia se torna mais difícil. Esse não pode ser um desafio apenas dos principais gestores, mas da gestão, onde todos são responsáveis.

Note e leve esta sabedoria para sua empresa: não é a moagem da cana que a faz açúcar, mas o processo do cozimento.

Reflita e contribua antes de criticar, gestão, como a rapadura, pode ser doce, mas não é mole não!

Sobre o autor

Ivan PostigoIvan Postigo é economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas. Escreve artigos com foco nos aspectos econômicos e de gestão das empresas para jornais e revistas. Desenvolve consultoria e palestras nas áreas mercadológica, contábil/financeira e fabril. Autor do livro: Por que não? Técnicas para Estruturação de Carreira na área de Vendas.

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