você está aqui: Home  → Colunistas  →  Construindo o Futuro

 

De acordo com as Leis 12.965/2014 e 13.709/2018, que regulam o uso da Internet e o tratamento de dados pessoais no Brasil, ao me inscrever na newsletter do portal DICAS-L, autorizo o envio de notificações por e-mail ou outros meios e declaro estar ciente e concordar com seus Termos de Uso e Política de Privacidade.


Lucros: Causa em um sistema ou efeito de um processo?

Por Ivan Postigo

Data de Publicação: 06 de Fevereiro de 2011

A primeira questão a ser abordada quando tratamos dos lucros é entender o que é como se forma.

Ao entrar na sala para entregar uma pasta o estagiário ouviu a seguinte pergunta de um consultor que, brincando, o provocara:- O que é lucro - singular?

Este não titubeou e disparou: - É o resultado de tudo que entra menos tudo que sai.

Entram as receitas, saem os custos e as despesas, pronto, desvendado o mistério. Lucro então é efeito de um processo. Simples!

Por que razão, então, há essa necessidade tão grande de gerar lucros - plural, com tantos tratados e debates? É só apurar o resultado do processo...

Parece que a razão é simples, contudo é fundamental observar que o lucro -singular- reinvestido, aplicado em máquinas, pesquisas, na produção, em prospecção, gera mais e novos lucros - plural. Sendo assim a importância não está no processo, mas no sistema!

Bom, com esse entendimento não podemos tratar a geração do lucro de forma tão simples como ensinaram nosso estagiário.

Descobrimos que o reinvestimento do lucro provoca uma alavancagem no processo, criando um sistema.

Sendo isso verdade por que o tratamento dos lucros recebe tão pouca atenção?

Falta no nosso mercado um direcionamento educativo para poupança e, principalmente, investimentos. Esse assunto deveria começar cedo nas nossas escolas, ensinando as nossas crianças e adolescentes os conceitos não só de gestão financeira, mas econômica.

Alguns diriam isso é muito chato! Não se for tratado de forma lúdica e os alunos conseguirem observar e obter benefícios. A questão é interessante porque, entre outras razões, levará nossos pupilos a aprender o valor das "coisas".

A análise econômica, usando os dados contábeis, deveria ser a base para cálculo e avaliação dos lucros, contudo não faltam empresas administradas pelo fluxo de caixa. Os dados contábeis acabam sendo utilizados puramente para atendimento às exigências legais. Não fosse a insistência dos contadores sequer seriam vistos.

Ocorre que o fluxo de caixa não é a ferramenta adequada para cálculo dos lucros. Esta pode apenas mostrar os movimentos financeiros de entrada e saída de recursos, mostrando no período o superávit ou o déficit.

Agora sim, podemos ter uma idéia do que levou nosso estagiário a considerar o cálculo do lucro como um raciocínio de entrada e saída.

Os lucros sendo um fator alavancador não podem ser considerados efeito de um processo, mas a própria causa de um sistema.

Trabalhar pelo desenvolvimento, crescimento, é diferente de trabalhar pela sobrevivência. Sobreviventes são educados pelas circunstâncias a observar o imediatismo, a urgência, sem a disposição para tratamentos a médio e longo prazos.

Lucros podem gerar reservas ou poupanças como agentes de segurança, e ter o fim como do velho senhor que guardou o dinheiro no colchão e foi comido pelas traças, ou podem servir como recursos para investimento e desenvolvimento empresarial e econômico.

Gestores buscam mais orientações em épocas em que passam dificuldades e enfrentam prejuízos do que quando estão bem e gerando lucros. Com isso perdem excelentes oportunidades para sua multiplicação. Simplesmente foram educados e aprenderam que estes são efeitos de um processo e não a causa de um sistema.

Ainda não concorda?

Você entraria em um negócio que não gerasse lucros continuamente?

Ora, não é um belo argumento para defender a causa e não o efeito?

Sobre o autor

Ivan PostigoIvan Postigo é economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas. Escreve artigos com foco nos aspectos econômicos e de gestão das empresas para jornais e revistas. Desenvolve consultoria e palestras nas áreas mercadológica, contábil/financeira e fabril. Autor do livro: Por que não? Técnicas para Estruturação de Carreira na área de Vendas.

Veja a relação completa dos artigos desta coluna