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Muita Iniciativa, mas pouca acabativa

Por Ivan Postigo

Data de Publicação: 01 de Fevereiro de 2011

Para entender o que acontece conosco, com nosso país, com nossas empresas, neste mundo globalizado, que nos impede de decolar, é necessário prestar atenção na nossa cultura.

Você pode me dizer ok, mas o que é nossa cultura?

Ora, não só que o que sabemos, mas também como agimos baseado no que sabemos.

Dia desses, descendo uma ladeira, dentro do veiculo, um amigo fez a seguinte observação; "Vocês notaram a quantidade de casas neste país, levantadas em tijolinho, que não estão e não serão acabadas"?.

Todos responderam: "Lógico, o povo não tem dinheiro e o acabamento chega a custar mais caro que a alvenaria básica!"

Lá vem mais uma observação do ilustre perguntador: "Porque então não desenvolvemos um tipo de construção mais simples, que custe menos e nos permita acabar nossas casas"?.

Não tivemos tempo de responder, meu amigo logo emendou outra: "Não será isso reflexo de nossas atitudes, da nossa forma de agir, de nossa cultura"

Vejam quantos projetos iniciamos neste país, nas empresas, nas nossas vidas e não concluímos.

Não podemos dizer que não temos iniciativas, parece-me que temos, talvez, demais, o que talvez não tenhamos é disposição e compromisso com nossos projetos?.

Alguns dias se passaram e eu fiquei com a pergunta me incomodando. Comecei mentalmente a fazer um inventário das coisas que havia iniciado e não terminado .

Não foram muitas, mas realmente deixei algumas coisas inacabadas que poderiam ter me proporcionado mais viagens, algumas um pouco mais de dinheiro e outras uma satisfação enorme , como um livro inacabado ,com mais de cem paginas escritas .Vou editá-lo , mas isso poderia ter acontecido há dois anos.

Tenho colocado essa pergunta nas rodas de amigos e é surpreendente como realmente nos vemos procrastinando decisões.

Sabe o que é mais difícil?

Encontrar de fato um motivo muito forte que nos tivesse impedido de levar em frente o projeto.

Claro que fizemos uma enormidade de outras coisas, mas essas que deixamos de fazer também poderiam ter sido concluídas se tivéssemos de fato nos dedicado um pouco mais e, principalmente, se as pessoas envolvidas tivessem também se comprometido.

Sim, trabalho em que um grupo está envolvido, torna-se mais difícil de ser concluído.

Deveria ser o contrário, afinal não dizemos que duas cabeças pensam melhor que uma?

Ora pensam, criam , provocam a iniciativa, mas não necessariamente a conclusão.

Dois aspectos saltam aos olhos: Nossa iniciativa e nossa individualidade.

Isso me faz lembrar os tempos de escola, onde dizíamos que trabalho em grupo era "grupo".

Nosso compromisso é maior com nossa individualidade do que com a coletividade.

Difícil de entender e aceitar? Não para quem na época em que era estudante morou em republica. Basta perguntar : Quem tirava o lixo?

Ninguém!

Bom, quando acumulava muito, todos se envolviam em um enorme bate-boca para descobrir de quem era a semana. Não faltava iniciativa . Tínhamos cestos coloridos, sacos plásticos, agora vontade de levá-los à lixeira!

Isso me faz lembrar uma frase que na época alguém irado sempre dizia quando as propostas para melhorar nossa convivência na republica eram apresentadas: "Aqui nunca faltou iniciativa, nosso problema é com a acabativa".

Penso que deveríamos ter uma atenção maior com nossos projetos e as propostas que nos rodeiam para que os benefícios pudessem atingir a todos e tivéssemos uma cultura mais efetiva e voltada a resultados.

Há um provérbio que diz que toda caminhada começa com o primeiro passo, contudo não podemos negligenciar os demais. Para que esta seja concluída e cheguemos ao destino é necessário dar todos os passos requeridos no trajeto.

Sobre o autor

Ivan PostigoIvan Postigo é economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas. Escreve artigos com foco nos aspectos econômicos e de gestão das empresas para jornais e revistas. Desenvolve consultoria e palestras nas áreas mercadológica, contábil/financeira e fabril. Autor do livro: Por que não? Técnicas para Estruturação de Carreira na área de Vendas.

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