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Vida de palhaço

Por Ivan Postigo

Data de Publicação: 01 de Fevereiro de 2011

Você conseguiria viver sempre desempregado?

Saiba que em algumas profissões esse fator é constante. Todas em que os trabalhos forem cobertos por um contrato a fase operativa terá começo e fim.

Uma em especial, na classe dos atores, eternos desempregados, merece nossa reverência: a do palhaço.

A nobreza não reside apenas na profissão, mas, principalmente, na escolha.

Por que alguém escolheria esse caminho difícil, sem garantia de futuro, onde o circo como organização sequer é mencionado como carreira e exemplos em escola de administração?

Algumas escolhas não dependem da racionalidade da mente, nem do bater mais forte do coração, mas do apelo da alma.

Que força maior é essa que leva o homem a abraçar essa missão, sem que dela se afaste, ainda que o dinheiro pouco veja?

Alma de artista!

O doce veneno da arte envenena o sangue e o faz ouvir e ver o que outros não podem.

Para o palhaço o aplauso é importante, mas o riso...ah, o riso! Fundamental e necessário!

Fazer chorar não é difícil, mas com que mágica nos arranca sonoras gargalhas?

Olhe, veja, o público ri enquanto o palhaço chora e apanha!

O ator palhaço, homem empresário, carrega consigo sua empresa, instalando-a onde encontrar um terreno baldio. Inicia sua propaganda e faz sua prospecção.

Lonas estendidas, tendas armadas? Respeitável público...

Viva, hoje teremos espetáculo!

Muitas cores, músicas e risos. A casa não está cheia, mas que tal um pesquisa?

Que público é esse que o circo atraiu? Ora, crianças de todas as idades, de alguns dias até aquelas que têm mais de cem!

Encerrado a última sessão hora de fazer as contas. Alguém ai viu a planilha de custos?

Planilha de custos? Interessante, como se faz o controle do circo?

Fluxo de caixa? O palhaço vai fazer isso? Vai ser engraçado, não vai?

Nossa, o palhaço tem cartão de crédito e talão de cheques?

Tem, mas só quando as coisas vão bem!

Hum, mas se o circo não tem clientes fiéis que compram todos os meses, como o palhaço faz as projeções de vendas?

Fácil, ele deixa essa tarefa para o homem da corda bamba!

O controle financeiro é atribuição do trapezista, quando precisa de dinheiro ele dá um pulo nos bancos.

A área de recursos humanos é trabalho dos bailarinos. Errou, dançou!

Que piada sem graça!

Um mundo dividido entre a magia da fantasia e a dura realidade empresarial.

Sorocaba, bela cidade, sempre acolhedora, recebeu sempre com carinho a arte circense.

No nosso bairro, a vila Hortência, durante anos, no mesmo local, lá estava Pedro Osório, o palhaço nhoc-nhoc e índio Ordep, proprietário do Circo Ordep, fazendo a alegria do lugar.

A garotada? Esta corria para, em desfile, sair pelas ruas vestindo os cabeções, ajudando a fazer a divulgação!

Assim como Pedro, outras tantas famílias circenses, pelo que sei, que fazem parte da história do circo no Brasil vivem hoje em Sorocaba e cidades da região.

Quem bom, uma oportunidade para reuni-los e criar a escola da alegria!

Palhaço e empresário, gestor e artista, do escritório ao palco, do caixa às caixas. Risos?

Começou o espetáculo?

Sim, mas para ele nunca termina!

Obrigado Pedro Osório por tantas alegrias!

Sobre o autor

Ivan PostigoIvan Postigo é economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas. Escreve artigos com foco nos aspectos econômicos e de gestão das empresas para jornais e revistas. Desenvolve consultoria e palestras nas áreas mercadológica, contábil/financeira e fabril. Autor do livro: Por que não? Técnicas para Estruturação de Carreira na área de Vendas.

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