você está aqui: Home  → Colunistas  →  Construindo o Futuro

 


De acordo com as Leis 12.965/2014 e 13.709/2018, que regulam o uso da Internet e o tratamento de dados pessoais no Brasil, ao me inscrever na newsletter do portal DICAS-L, autorizo o envio de notificações por e-mail ou outros meios e declaro estar ciente e concordar com seus Termos de Uso e Política de Privacidade.

A energia imigrante

Por Ivan Postigo

Data de Publicação: 28 de Janeiro de 2011

Quando pensamos nas pessoas que deixam a terra natal para se aventurarem em um país que sequer conhecem a língua imaginamos mil situações.

Podem estar fugindo de guerras, da fome, perseguições e situações que colocariam suas vidas em risco.

Algumas vezes isso é verdade, mas raciocinemos de forma inversa. E aqueles que deixam o Brasil?

O que levaria pessoas a colocarem o pé na estrada? Algumas com boa formação, outras nem tanto.

Deixemos de lado aquelas que foram fazer um curso de pós-graduação no exterior e de a volta definida, nos concentremos nas que "partiram".

Não estariam encontrando nenhuma espécie de ocupação aqui?

Se não falam a língua da nova morada, que chances terão?

Descontentes com os salários oferecidos resolveram partir?

O saldo líquido, depois de pagas as contas no exterior, pode ser até menor do que se ficassem!

Decidiram viver em um lugar onde a comida é melhor?

Não, todos dizem que nada substitui o feijãozinho brasileiro!

Pensam em nunca mais voltar?

De forma nenhuma, a outra ponta da corda deixaram amarrada para não perderem o caminho. Amigos, família são fortes apelos para que um dia regressem.

Ficarão algumas décadas afastadas da terra natal, ou quem sabe para sempre, farão cursos, desenvolverão uma carreira, ganharão e perderão dinheiro, casarão, terão filhos, e, com o tempo, entenderão o que os fez partir.

Meus avós chegaram ao Brasil há muitas décadas, nunca voltaram, não que não tivessem vontade. Não tiveram razão, por isso não alimentaram o sonho.

O raciocínio pode ser feito com situações mais simples.

Não vivo longe da cidade onde nasci e com freqüência a visito. Todos os parentes lá estão, inclusive minha mãe. Não há nada determinado, mas ela sabe vou vê-la em dias determinados, por isso, se não apareço, o telefone, invariavelmente, toca.

Toda minha vida acadêmica e profissional foi formada fora da cidade, então a razão do retorno é outra que não profissional e financeira.

Não é sempre que podemos fazer escolhas atendendo a todos os requisitos. Estas são feitas atendendo prioridades.

A escolha de um curso, o tipo de trabalho, a oportunidade de gerar oportunidade, a pessoa que amamos, o local para educar os filhos ou lhes dar melhores condições de saúde, enfim não faltam motivos para formar a razão.

Uma das razões que mais me encantam é a busca de sentido na vida.

Você consegue imaginar a energia acumulada que tem o imigrante que sai em busca de sentido na vida? Veja que estou falando de sentido na vida e não do sentido da vida!

Não, não precisamos considerar pessoas amarguradas por tragédias e fracassos, mas pessoas que querem encontrar um lugar para deixar a sua marca?

Estão em busca de conforto e riqueza?

Talvez, em um primeiro momento, até tenham esperança de encontrar o Eldorado, mas a questão fica em segundo plano quando a jornada inicia.

Como um alpinista que quer chegar ao cume da montanha - esse é o foco - a proeza está em fazer o trajeto.

Uma pessoa, certa vez, me disse: - Encontrei mais perigos na descida do que na subida, então fincar a bandeira é só uma parte. Quando retornamos e recebemos todos os abraços, iniciamos o plano da próxima escalada. Esse é o sentido que encontrei, viver escalando.

Essa é energia que o move, essa é a energia que alimenta o imigrante.

Por essa razão são capazes de chegar sem nada, aprender uma língua, se adaptarem a uma cultura e construírem tudo.

Capazes, determinados, decididos, os vemos partirem e chegarem, para nosso encanto, cheios de histórias e energia.

Sobre o autor

Ivan PostigoIvan Postigo é economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas. Escreve artigos com foco nos aspectos econômicos e de gestão das empresas para jornais e revistas. Desenvolve consultoria e palestras nas áreas mercadológica, contábil/financeira e fabril. Autor do livro: Por que não? Técnicas para Estruturação de Carreira na área de Vendas.

Veja a relação completa dos artigos desta coluna