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A embalagem que sorri

Por Ivan Postigo

Data de Publicação: 26 de Janeiro de 2011

Você já parou para pensar na importância do sorriso?

Claro que sim. Nós todos exaltamos o efeito do sorriso no atendimento, quando encontramos uma criança, mas será que todos nos convencem?

Não me lembro que tenha cores variadas, mas um deles em particular é estranho: o sorriso amarelo!

Do outro lado do sorriso há o receptor, que pode ser ou não atingido por este, positiva ou negativamente.

Eu aguardava para ser atendido em uma loja de perfumes, enquanto a vendedora dirigia sua atenção a um casal. Simpática, prestativa, os abordou sorrindo.

Deu à senhora, que olhava a vitrine, uma série de explicações e veio em minha direção. Ao meu lado estava o marido, que ficara para trás, e começava a puxar conversa, dizendo ser muito exigente e usar uma ou duas colônias apenas.

A garota se aproximou, com o mesmo sorriso, e se prontificou a nos ajudar.

No mesmo instante, este lhe perguntou: - Você está bem?

Ela, assustada, disse: - Nossa, será que esqueci de sorrir?

Ele respondeu: - Não, o sorriso está em seus lábios e não em seus olhos.

A garota o parabenizou pela percepção, disse estar com uma terrível enxaqueca, e que passar o dia entre as fragrâncias seria complicado.

Alguns minutos de conversa, ele já descobrira que remédio ela costumava tomar, que havia se esquecido de comprar, que naquele shopping havia uma farmácia, que esta esperava que alguma colega pudesse ficar uns minutos na loja ou que fosse lhe buscar o medicamento.

Sem pestanejar respondeu: - Vou buscar para você.

Num piscar de olhos estava de volta para constrangimento da menina que não tivera tempo sequer de lhe dar o dinheiro.

Assim que chegou, eu estava com uma série de amostras tentando escolher um produto para presente.

Ele começou a olhar as caixas e discorrer sobre a apresentação. Notando que este tinha um olhar aguçado, a vendedora o elogiou, principalmente pela frase do sorriso.

Explicou, então, que sua vida estivera voltada para a área de comunicação e trabalhara durante anos no desenvolvimento de embalagens. Uma de suas maiores preocupações era se assegurar que as embalagens sorrissem para os consumidores.

Dizia que a embalagem também precisa conversar, mas sem atrair o consumidor jamais conseguiriam desenvolver um diálogo.

Para ele, as embalagens eram como pessoas, como o melhor amigo.

Uma frase me chamou bastante atenção: - Quando você encontra o seu melhor amigo e este não lhe sorri, o que você pensa? Fiz alguma coisa errada, não?

E continuava: - Quando você está em algum lugar, ao lado de um desconhecido, muito sério, você puxa conversa? Claro que não! Agora, imagine que ele se vira e lhe sorri, o que acontece? No mínimo você fará uma saudação. Pronto, primeiro passo para um diálogo. Vejam, não nos conhecíamos e já estamos aqui descontraídos. Assim são as embalagens!

Antes de deixarem a loja, a esposa nos chamou e disse: - Vou lhes contar uma história sobre o sorriso.

Um menino queria se encontrar com Deus. Ele sabia que o caminho seria longo, então colocou na mochila um bom lanche, um refrigerante e saiu para a caminhada. No percurso, encontrou um velhinho sentado no banco de uma praça, observando os pássaros.

Assim que se sentou ao seu lado e abriu a mochila para tomar um pouco da bebida, viu que o velhinho estava com fome.

Sem demora, deu-lhe um pedaço do lanche que trazia.

O velhinho aceitou e sorriu agradecido. Em seguida, o menino ofereceu-lhe a bebida.

Este aceitou e sorriu novamente.

O menino estava encantado, nunca tinha visto sorriso igual.

Comeram, beberam, sequer se falaram, apenas sorriam quando se olhavam.

O menino não via a hora de voltar para casa para contar para a mãe. Antes de partir, olhou para o velhinho com um sorriso, que com a ternura o fitava e sorria.

A mãe, ao vê-lo entrando em casa radiante, perguntou: - Qual o motivo dessa felicidade?

O menino respondeu: - Estive com Deus, ele tem o sorriso mais bonito do mundo!

O velhinho ao chegar em casa tinha um semblante renovado e as pessoas estavam curiosas para saber o motivo daquela alegria.

Ele foi logo falando: - Deus esteve comigo no parque. Trouxe o mais saboroso lanche que já comi e o mais belo sorriso que já encontrei, e, ao contrário do que dizem, é tão novo!

Terminada a história, se foram. Ficamos sem palavras, vendo-os se afastarem, então a vendedora rompeu o silêncio dizendo: - É verdade, embalagens precisam sorrir para que nos aproximemos e façamos contato, principalmente quando não conhecemos o produto muito bem.

Tenho que concordar, afinal ainda que você seja fã do produto e da marca, se a embalagem esta estiver amarrotada, riscada, rasgada, com má apresentação, certamente o afastará.

Embalagens podem nos afastar, simplesmente por esboçarem um sorriso amarelo.

Ora, quando pensar em produtos, marcas, relações, embalagens, sorria!

Sobre o autor

Ivan PostigoIvan Postigo é economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas. Escreve artigos com foco nos aspectos econômicos e de gestão das empresas para jornais e revistas. Desenvolve consultoria e palestras nas áreas mercadológica, contábil/financeira e fabril. Autor do livro: Por que não? Técnicas para Estruturação de Carreira na área de Vendas.

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