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Vermelhos verdes mares

Por Ivan Postigo

Data de Publicação: 22 de junho de 2010

Podemos olhar os mares e o mercado como turistas ou como exploradores.

Isso dependerá da nossa condição de vida e atribuições profissionais.

Como turistas nos encantaremos com suas cores, variedade de vida, espécies e fatos inusitados. Como profissionais o faremos com deslumbrada curiosidade e enorme atenção à sua dureza, pois se destaca a luta pela sobrevivência.

Assim como no mercado, o risco é menor para quem está no topo da cadeia alimentar.

Ainda que ao abrigo dos recifes, os peixes maiores sempre comem os menores.

Qualquer espécie debilitada corre sério risco de se tornar a presa.

Embora não seja regra geral, a taxa de sucesso nas tentativas de alimentação é de dez para uma. O fracasso costuma cobrar um alto preço!

A brutalidade do ataque do tubarão não ter a ver com maldade, mas com a necessidade.

Nos mares, bem como no mercado, há os momentos de abundância e escassez.

Os lançamentos de novos produtos e coleções, que atraem revendedores e consumidores, são como a migração das sardinhas que reúne em locais favoráveis à caça toda espécie de predador.

É um dos maiores acontecimentos marinhos, conhecido como ?a corrida das sardinhas.

Essa misteriosa migração ocorre entre maio e julho ao longo da costa leste da África do Sul.

Não há estatísticas precisas sobre quantas sardinhas participam da "corrida", mas cardumes gigantescos de 15 km de extensão e 4 km de largura costumam ocupar mais de 1000 km da região costeira.

À caça delas, seguem milhares de predadores de vários tipos. Estima-se por volta de 20 mil golfinhos, milhares de tubarões, leões marinhos e dezenas de milhares de aves.

Quanto maior for o sucesso dos caçadores, maiores suas chances de prolongamento da vida e geração de descendentes.

Como nem todos os empresários e gestores são adeptos ao mergulho deveriam participar de workshops sobre falência.

É importante saber apreciar as ondas, mas também reconhecer os cuidados básicos.

Para sentir um grande incomodo não é necessário ser mordido por um tubarão ou ser picado por uma arraia, basta ter contato com uma água-viva.

Muitos afogamentos ocorrem porque as pessoas avançam além de uma área segura, onde a profundidade não permite que permaneçam em pé ou as ondas dificultam o nado.

O mesmo acontece quando o gestor incauto vai esgotando todo crédito que lhe é fornecido e vai se endividando.

No momento não se dá conta, mas um dia terá que pagar a dívida contraída. O excesso de crédito impede que os envolvidos enxerguem a verdadeira dimensão do problema.

Como diz a conhecida frase: ?Na superfície nada se observa, mas nas profundezas o inferno está em chamas?.

Tenho visto que o desespero só bate as portas quando a falência, que poderia ter sido evitada, se torna fato concreto.

Para os credores toda transação só se encerra com a liquidação do compromisso, afinal doações se pratica de outra forma.

Uma pessoa sem experiência em navegação entraria em um barco e atravessaria mares sem cartas náuticas, instrumentos e apoio de um marinheiro capaz?

Evidentemente que não, então porque o fazem com suas empresas?

Muitos porque não enfrentaram turbulências e outros por crerem que já sabem o suficiente. O problema é que alguns erros não dão à empresa uma segunda chance.

Não vemos um volume maior de falências porque o período de agonia costuma ser longo.

Encontramos organizações tão endividadas que desafiam todas as regras de gestão.

Gestores experientes e navegadores experimentados são arrojados e precavidos, pois sabem quão vermelhos podem ser os verdes mares.

Sobre o autor

Ivan PostigoIvan Postigo é economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas. Escreve artigos com foco nos aspectos econômicos e de gestão das empresas para jornais e revistas. Desenvolve consultoria e palestras nas áreas mercadológica, contábil/financeira e fabril. Autor do livro: Por que não? Técnicas para Estruturação de Carreira na área de Vendas.

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