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O problema do problema

Por Ivan Postigo

Data de Publicação: 24 de Abril de 2010

Você já parou para pensar no significado que damos a essa palavra no nosso cotidiano?

Quantas vezes a usamos para resumir uma situação e expressar nossa opinião?

Alguém lhe apresenta um caso, você para, faz uma cara séria, franze a testa e diz: - Isso é um problema!

Pronto, está claro o que você acha de tudo aquilo, sem ter que defender uma tese.

Agora, diga lá: - Qual o problema do problema?

Bom, nenhum, desde que não seja um problema para conviver, e pior, nem para resolver!

Ora, problema não é para ser resolvido?

Em teoria sim, mas na prática poucos sabem disso.

A questão se resume em: Problema para quem?

Um dia eu caminhava por uma avenida e vi que nesta havia sido retirado um pedaço retangular do asfalto. Logicamente havia um buraco aberto.

Ao lado do buraco, descansando, estava a peça e havia uma inscrição, feita com tinta amarela.

Não consegui entender o significado daquilo, mas algo me chamou atenção: Os motoristas só percebiam o perigo quando estavam quase atropelando a peça ou iam cair no buraco. Não havia sinalização.

Eu pensava: Se retiro a peça eles podem cair no buraco, se deixo, podem arremessá-la e ferir alguém.

Comecei a olhar para ver se encontrava alguém que estivesse trabalhando em alguma reforma, conserto, ou algo assim.

Ops, lá longe, mas bem longe, havia um grupo.

Fui andando apressado, preocupado, atravessei a rua e com dificuldade consegui chegar perto de duas pessoas que comandavam os trabalhadores.

Um senhor distinto, cabelos bem brancos e uma senhora sisuda.

Não responderam minha saudação e me olharam com a cara de quem diz: - O que você está fazendo aqui?

Comentei do perigo que havia observado e recebi o olhar de desprezo e insatisfação. Palavras? Nenhuma!

O senhor atravessou o canteiro e foi olhar um novo buraco que estava sendo cavado. A senhora agarrou sua prancheta e atravessou a rua se afastando.

Eu fiquei alguns minutos observando se tomariam alguma providência. Nada!

Continuei minha caminhada e encontrei uma viatura parada. Comentei o assunto, me ouviram e continuaram imóveis.

Eu pensava: Problema é para ser resolvido, por que não agem?

Ora, simplesmente porque aquilo, para eles, ainda não tinha se tornado um problema!

De volta às minhas reflexões, vi que eu não tinha um problema. Tinha um dilema: Não sabia o que fazer.

Tirava a pedra da rua, colocava de volta no buraco ou não fazia nada?

Toda vez que consegui pegar meu dilema em transformar em problema agi, pois fui falar com o pessoal da obra, com a equipe na viatura. Quando me vi de volta ao dilema, sem transformá-lo em problema, fiquei estático.

Os demais, certamente, estavam tratando de problemas por eles identificados como tal.

Encontrei alguns amigos, paramos para um café. Enquanto comentava o fato com eles, me dei conta de uma coisa: Problema gera angústia, dilema confusão.

A angústia faz com que identifiquemos a situação como problema e isso nos faz agir.

O incômodo da angústia é o combustível da ação.

Você já deve ter visto pessoas que deixam um assunto na mesa, sem providências, e vão empurrando com a barriga. Um dia explodem: - Não aguento mais ver isso na minha frente! Pegam e dão o encaminhamento necessário!

Muitas vezes nem uma série de cobranças faz com que se mexam. Agem no dia que a situação as incomoda.

Um amigo sempre comenta que há duas formas de provocar seu interlocutor para obter uma resposta:

  1. Uma é dizendo a ele que se a resposta não for enviada até uma determinada hora não precisa mais enviar. Nesse caso o problema é seu.

  2. Outra é dizendo que se a resposta não for enviada até uma determinada hora você não precisa mais. Não precisa mais da resposta? Não, dele? Agora sim ele tem um problema, que causa angústia, que o induz à solução.

Você está aguardando alguma resposta, uma solução, certifique-se de que seu interlocutor tem um problema e não apenas você!

Sobre o autor

Ivan PostigoIvan Postigo é economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas. Escreve artigos com foco nos aspectos econômicos e de gestão das empresas para jornais e revistas. Desenvolve consultoria e palestras nas áreas mercadológica, contábil/financeira e fabril. Autor do livro: Por que não? Técnicas para Estruturação de Carreira na área de Vendas.

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