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A mudança do incômodo ou o incômodo da mudança.

Por Ivan Postigo

Data de Publicação: 24 de Novembro de 2009

Como diz o velho ditado, em gestão nada é tão constante quanto as mudanças.

Estas podem acontecer pelas mais diversas razões, desde a cultura de aperfeiçoamento tecnológico e ou administrativo da empresa até a tentativa de copiar um modelo vencedor.

Quando vemos uma organização inovadora e bem sucedida temos a impressão de que foram os novos produtos e as novas tecnologias que a levaram às mudanças, na verdade foram as mudanças que a levaram a esse desenvolvimento.

Foram a resistência à acomodação e o movimento constante, gerando uma cultura favorável às mudanças, que provocaram as mentes criativas e projetaram essa luz produzindo inovações.

Há uma tendência nessas organizações dos processos precederem o produto. Desenvolve-se uma técnica ou tecnologia e como resultado surgem os produtos.

O domínio de uma matéria, nesse caso, cria um incômodo pela necessidade de aplicação, visto que o equilíbrio encontra-se com o seu uso.

A mente ou organização incansável busca entender e desenvolver o estudo sobre uma questão, quando bem sucedida agita-se para ver o resultado da aplicação. Ajustes de procedimentos e processos fazem-se no caminho, uma vez que a base está firmada.

O esforço é para mudar o incômodo, da descoberta à aplicação final e ter a satisfação do trabalho concluído. Lógico, até a próxima descoberta.

Na outra ponta temos as empresas que procuram acompanhar as inovações para poderem concorrer no mercado em pé de igualdade, mas não tem a mesma cultura criativa. O fato de mudanças serem necessárias cria uma situação incômoda.

Nesse caso a empresa parte do produto a copiar para as mudanças de processo e finalmente de procedimentos e comportamentos. Em muitos casos o impacto é considerável e o incômodo gerado é de difícil assimilação, levando a empresa a fracassar no projeto.

Agindo na contramão a mudança provoca incômodo e como a tendência é de buscar acomodação muitas tarefas acabam sendo executadas de forma inadequada.

Isso me faz lembrar o projeto de crescimento de uma organização, com constante atualização tecnológica, onde um dos empresários sempre nos perguntava : " Quando vou ter um pouco de sossego, parar de investir, comprar máquinas e poder desfrutar mais da vida ? ".

O segmento em constante mudança gerava um tremendo incômodo para esse empreendedor, ao passo que para outros era uma necessidade básica e tinha efeito motivacional.

Um Chef de cozinha poderia fazer cada dia melhor seu arroz com feijão, bife e batatas, apenas melhorando o processo, contudo à medida que testa novos temperos, sabores, cria novos pratos. Assim é em qualquer segmento de negócios.

Alguns com impactos não tão contundentes, outros com brutais transformações.

Os fabricantes de mídia para gravação de dados na área de computação se deparam com novidades a cada dia, o fabricante de pregos vai encontrar algumas novidades em processo e material e o fabricante de galochas praticamente nenhuma.

O título deste texto não é apenas um jogo de palavras, pois o entendimento do que provoca a maior insatisfação e não satisfação é que determina o sucesso ou fracasso de um projeto. Lembrem-se, de modo geral as pessoas não desistem dos projetos depois de tê-lo concluído, por não gostarem. Eles desistem no caminho.

Por essa razão um volume significativo de empresas não consegue levar em frente um projeto de organização ou reorganização. Muitas iniciam, mas dado os incômodos gerados desistem.

Outras avançam no processo, mas assim que o mentor, o incentivador ou a consultoria deixa a empresa tentam voltar a se acomodar na situação em que viviam.

Mesmo a água que gosta de calmaria e procura se acomodar no ponto mais baixo da montanha, onde não assola o vento, acaba nas turbulências dos oceanos.

Sobre o autor

Ivan PostigoIvan Postigo é economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas. Escreve artigos com foco nos aspectos econômicos e de gestão das empresas para jornais e revistas. Desenvolve consultoria e palestras nas áreas mercadológica, contábil/financeira e fabril. Autor do livro: Por que não? Técnicas para Estruturação de Carreira na área de Vendas.

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