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Wiki: ser ou não ser?

Por Carlos Nepomuceno

Data de Publicação: 10 de Maio de 2007

O meio colaborativo produz não apenas resultados eficazes e rápidos, mas contorna problemas e reduz custo, gerando uma nova dinâmica social. E como podemos melhorar isso?

Por Carlos Nepomuceno

O Wikipedia não vem para criar problemas, mas para resolver um específico: o ser humano precisa de uma enciclopédia online gratuita para consultas rápidas. Mais ainda: uma que fale várias línguas e que seja dinâmica ao ponto de atualizar termos recentes das áreas novas e mutantes.

Abre-se mão, em parte, da consolidação pela velocidade. Mais vale uma informação na mão (acessível) que duas se consolidando (não acessível). É a resposta encontrada pela sociedade do aqui-agora-embrulha-pra-ontem.

Na verdade, o modelo Wiki e os outros ambientes colaborativos, nascem e se consolidam para resolver os problemas que os modelos não-colaborativos não têm conseguido. Se analisarmos cada termo do Wikipedia, por exemplo, como se fossem problemas vivos a serem resolvidos e atualizados de forma dinâmica, podemos imaginar o seguinte ciclo:

Termo -> Avaliação -> Ajuste ---> Novo termo ajustado

Atualmente, quanto mais rápido e eficaz (do ponto de vista do usuário) for esse processo, mais relevância terá. Em uma enciclopédia tradicional, por exemplo, esse processo é infinitamente mais demorado do que uma gratuita, colaborativa e aberta.

Hoje, se questiona até se os métodos adotados da Enciclopédia tradicional garantiriam a eficácia nos resultados, já que o método de evolução é quase estático, não evoluindo na sua dinâmica, enquanto o outro se aperfeiçoa rapidamente.

Mais detalhes sobre a polêmica em: http://www.nature.com/news/2005/051212/full/438900a.html

Na enciclopédia clássica, os custos são altos, os critérios rígidos, impondo ao ciclo um fator (x) de tempo maior:

Termo + Avaliação + Ajuste + Termo ajustado = Tempo (x)

Na enciclopédia aberta, os custos são ínfimos, os critérios flexível, impondo ao ciclo um fator (x) de tempo maior:

Termo + Avaliação + Ajuste + Termo ajustado = Tempo (x)

O desafio teórico-prático passa a ser: não adianta ser rápido, mas ineficaz; nem eficaz, sem velocidade.

A pergunta que não quer calar na sociedade é: como aproveitar essa nova dinâmica em outros segmentos da sociedade para ampliar a eficácia em processos e projetos?

Imaginemos, então, agora a mesma situação dentro de uma instituição em um processo continuado, no qual o problema é uma ação, desde a venda de celulares até ministrar um curso a distância:

Ação -> Avaliação -> Ajuste ---> Nova ação ajustada

Se uma instituição adota modelos colaborativos para acelerar e aperfeiçoar os ciclos processuais, ganhará velocidade diminuindo o fator tempo:

Ação + Avaliação + Ajuste + Ação Ajustada = Tempo (y)

Assim, o Calcanhar-de-Aquiles é: garantir que as avaliações indiquem os ajustes necessários nas novas ações ajustadas para que estas sejam mais eficazes no menos tempo possível.

Eis a missão dos profissionais da informação, comunicação e de rede do mundo moderno. Nessa perspectiva, temos um novo palco de trabalho: gerir ambientes colaborativos, que passam pelas seguintes atribuições, abaixo.

A ação humana: (profissional)

  • incentivo à colaboração;
  • escolha ou desenvolvimento das ferramentas, a customização e a integração entre elas;
  • aprimoramento dos métodos e ferramentas;
  • acionar as ferramentas de eficácia manuais;

    Um dos pontos centrais do processo colaborativo é discernir o usuário eficaz do não eficaz e suas respectivas ações, que chamam do karma de cada um.

    A ação não-humana: (software)

  • facilitar a colaboração;
  • medição de resultados;
  • acionar as ferramentas de eficácia automáticas.

Assim, pergunto: por quê Wikipedia?

Porque é um dos sistemas mais avançados de construir conhecimento já inventado, transformando-se hoje em um balão de ensaio, uma ótima escola para poder analisar o que nos reserva o futuro nas empresas e fora delas.

Sobre o autor

Carlos Nepomuceno é Doutorando em Ciência da Informação pela Universidade Federal Fluminense é consultor e jornalista especializado em Tecnologia (Informática e Internet), com larga experiência em projetos nestas áreas. Foi um dos primeiros webmasters do Brasil. Atualmente, presta consultoria permanente para as seguintes instituições: Petrobras, IBAM e Sebrae-RJ. É professor do MBA de Gestão de Conhecimento do CRIE/Coppe/UFRJ, com a cadeira "Inteligência Coletiva" e coordenador do ICO - Instituto de Inteligência Coletiva.

É autor, com Marcos Cavalcanti, do livro O Conhecimento em Rede Publicado pela Campus/Elsevier, é o primeiro livro no Brasil a discutir a WEB 2.0, a levantar paradigmas quanto à inteligência coletiva e a mostrar, na prática, como implantar projetos desta natureza. O livro trata desta nova revolução cultural, social e tecnológica a que todos estamos expostos.

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