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O belo, o justo, o fogo e o artifício

Por Cesar Brod

Data de Publicação: 01 de Janeiro de 2015

Na virada do ano de 2008 para 2009 a patrulha ambiental da cidade litorânea de Capão da Canoa, Rio Grande do Sul, impediu a tradicional queima de fogos de artifício para proteger um ninho de corujas.

No amanhecer de 2015, um cachorro de raça fugiu de alguma casa e ficou incomodando toda a vizinhança do Parque dos Maias, bairro da Zona Norte de Porto Alegre, até sumir. O cachorro tinha os olhos vermelhos, ninguém podia se aproximar dele.

É sabido que pássaros abandonam seus ninhos e que muitos deles morrem, literalmente, de susto com a barulheira dos fogos que geram lindas estrelas de artifício para nossos olhos, nem tão humanos assim. Haja patrulha ambiental!

Morre gente também. As mais recentes notícias mostram isso. Tenho dúvidas se, entre essa gente que morre, há humanos.

Gostamos de dominar a natureza desde tempos em que, por falta de desculpa melhor, chamamos de imemoriáveis. É fácil esquecer. Se eu não lembro, não fiz. Deve ter sido um êxtase quando, pela primeira vez, fomos capazes de produzir um céu mais lindo do que aquele que tomamos por dado. A mesma pólvora que embelezou o céu nos permitiu eliminar gentes discordantes, feias. Se o céu podia ser mais lindo, nosso chão também poderia ser.

A raiz de qualquer coisa, claro, é sempre muito mais profunda. Usamos o fogo, pela primeira vez, há muito mais tempo! Afastamos, com ele, os animais selvagens que ameaçavam a nós, nossa prole, nossa comida. Usamos o fogo para, através do medo, domesticar os lobos, tornados em cachorros.

Hoje enlouquecemos, com outras manifestações do mesmo fogo, os cachorros que domesticamos. Matamos corujas e outros pássaros. Matamos gente. Tudo porque ainda achamos muito mais legal enfeitar o céu, como queremos, por alguns minutos.

Um 2015 muito mais humano para todos nós!

Sobre o autor

Cesar Brod usa Linux desde antes do kernel atingir a versão 1.0. Dissemina o uso (e usa) métodos ágeis antes deles ganharem esse nome. Ainda assim, não está extinto! Escritor, consultor, pai e avô, tem como seu princípio fundamental a liberdade ampla, total e irrestrita, em especial a do conhecimento.

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