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Novas gerações nos apavoram

Por Cesar Brod

Data de Publicação: 25 de Abril de 2013

Estou ouvindo o sensacional audiolivro The Genius Formula, um bate papo entre o Tony Buzan e o Raymond Keene. O primeiro é o cara que sistematizou a técnica de mapas mentais e o segundo é um grande mestre enxadrista. No audiolivro, eles conversam sobre grandes gênios da história da humanidade e buscam quais as características comuns entre eles, buscando chegar à fórmula capaz de gerar gênios.

Em determinado momento da conversa, eles falam sobre o potencial infinito dos bebês e sua enorme capacidade de, em mais ou menos doze meses, terem aprendido a caminhar e falar, basicamente a partir da observação do mundo ao seu redor. Mas, nós, os adultos, sabendo o que é melhor para eles, os protegemos com macacões dignos de astronautas e os colocamos em carrinhos de passeio cercados, onde os coitadinhos ficam bem amarrados para que não caiam, com anteparos que protejam seus olhos da luz do dia e, para estimulá-los, ao invés de permitirmos que experimentem o imenso mundo em que vivem, penduramos na frente deles chocalhos e outros badulaques que fazem sempre a mesma coisa, repetidas vezes. Enfim, se é para o bebê ter algum estímulo, que ele seja fornecido de forma controlada, em doses homeopáticas, por nós. E dá-lhe medicamento controlado para transtornos de défit de atenção!

Mas temos que fazer isso! Novas gerações nos apavoram! Com todo o cuidado que temos vejam só os filhotes de monstros que estamos entregando às escolas. Crianças que pegam um tablet e, em poucos minutos, já descobrem usos sequer sonhados pelos desenvolvedores e muito menos pelos professores que mal conseguiram ler as instruções para o uso pedagógico desse artefato do demo.

Não é de hoje que nos protegemos das gerações mais novas. Em uma recente palestra no TED, Erik Brynjolfsson fala da desaceleração da produtividade que veio da mudança na indústria de máquinas a vapor para máquinas elétricas. Foi necessário um intervalo de 30 anos para que os antigos gerentes fabris se aposentassem (ou morressem) para que uma nova geração, nascida na era da eletricidade, pudesse tomar total proveito da nova tecnologia e retomar o crescimento da produtividade. Agora, novos paradigmas tecnológicos surgem com velocidade muito maior e as pessoas vivem muito mais tempo. Se não segurarmos a genialidade das gerações futuras onde é que iremos parar? Se é justamente nas idades mais tenras que a mente mais é capaz de absorver informações, o melhor seria, quem sabe, manter os bebês em um tanque de privação sensorial e só tirá-los de lá quando tivermos alguma garantia da nossa segurança.

Mas espere aí! Por quê ter filhos? Melhor é investirmos mesmo na nossa longevidade e em processos de clonagem para garantirmos peças sobressalentes para nós mesmos! A ficção científica é pródiga de histórias que tratam desse tema.

Nós nos enchemos de dedos e preocupações para abordar, de forma totalmente aberta e sem preconceitos criações e descobertas tecnológicas que vivenciamos no tempo de vida da nossa própria geração. Os avanços na exploração genética estão aí e poderemos, sim, escolher quem vai nascer e quais características terá. Se precisarmos de mais engenheiros, é só injetar um vírus programado para dar uma arrumadinha na sequência genética do futuro filhinho do papai e da mamãe, que inclusive já podem começar a receber alguma remuneração ou outro tipo de benefício em função do trabalho que o não nascido ainda irá executar depois. E, não tenhamos dúvida, se algo é possível, esse algo existirá. Por isso é melhor falar sobre isso agora, na frente das crianças.

Sempre vou lembrar das conversas que tive com o professor Derek Keats sobre a criação e educação de filhos. Derek diz que o melhor caminho é o da não interferência e da remoção de obstáculos ao desenvolvimento. As crianças são muito mais sábias do que sequer podemos imaginar e, por uma simples questão evolutiva, já nascem com o cérebro melhor do que o nosso. Mas e o medo? Melhor tacar ritalin nessa criançada! Estamos dando a eles os remédios para paranóias que são nossas.

Um videozinho bacana da CCHR International aí embaixo:

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Sobre o autor

Cesar Brod usa Linux desde antes do kernel atingir a versão 1.0. Dissemina o uso (e usa) métodos ágeis antes deles ganharem esse nome. Ainda assim, não está extinto! Escritor, consultor, pai e avô, tem como seu princípio fundamental a liberdade ampla, total e irrestrita, em especial a do conhecimento.

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