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Educação e Tecnologia - Ambiente Pessoal de Aprendizagem #5

Por Cesar Brod

Data de Publicação: 21 de Janeiro de 2013

O componente Atividade, representado em um ramo de meu mapa mental no Mindomo, corresponde às atividades mais estruturadas e constantes de minha aprendizagem continuada. Não que as demais atividades não sejam estruturadas, mas a distinção que faço é relativa ao compromisso diário, à possibilidade de acompanhamento da minha evolução ou ambos. Antes de seguir adiante, faça uma revisão do mapa abaixo. Você já sabe como colocá-lo em tela cheia clicando no ícone imediatamente à direita da tecla play (o que tem quatro setas nos vértices de um pequeno quadrado). Navegue nele usando as setas para a direita e esquerda, chegando até o ramo Atividade.


Faça seus próprios mapas mentais no Mindomo.

Repare no relacionamento que existe entre minha aprendizagem da língua francesa e os filmes e rádios que escuto. Como disse em meu artigo anterior, um componente do ambiente pessoal de aprendizagem pode ser usado para reforçar outro e, ao menos na minha prática, isto é sempre positivo. Agora, não é todo o dia em que ouço rádios ou assisto filmes franceses, mas todos os dias faço os exercícios propostos no curso de francês para iniciantes do Mindpicnic e todos os dias uso o Anki para exercitar frases intermediárias em francês.

O Mindpicnic é um dos vários portais que oferecem cursos livres. Os mecanismos de busca irão ajudá-lo a encontrar muitas alternativas, inclusive em português. As opções variam de acordo com o que você quiser aprender, claro. Se você está acompanhando esta série de artigos com o objetivo de começar a montar seu ambiente pessoal de aprendizagem, faça uma visita à Escola Virtual da Fundação Bradesco (o cadastro é monstro, mas a opção de cursos livres oferecida compensa) e às séries temáticas de vídeos já traduzidos da Khan Academy. Caso você use outros portais de cursos, não deixe de compartilhar a informação com os demais leitores.

O Anki é um sistema muito simples e eficaz de memorização. Imagine que você tem um conjunto de cem cartões e de um lado de cada um dos cartões coloca uma pergunta, do outro uma resposta sobre um assunto que você domina. Você passa um subconjunto deste "baralho", umas 20 cartas, para um amigo e ele começa a ler as perguntas e dividir as cartas em três montes: difícil, médio e fácil. Feita a divisão completa, ele irá embaralhar, em separado, cada um dos montes. Depois ele coloca o monte fácil embaixo de todos, o médio logo acima e o difícil no topo, a partir do qual ele começará a tirar as cartas e tentar respondê-las, reordenando-as novamente. Assim, as cartas de maior dificuldade sempre serão relidas primeiro, forçando sua repetição. Na medida em que o monte de cartas fáceis forem aumentando, você retira algumas e coloca outras novas. De forma simplificada, esta é a lógica do Anki.

Como você já deve estar adivinhando, caso você use uma distribuição Linux baseada no Debian (como o Linux Mint ou o Ubuntu), você pode instalar o Anki com o seguinte comando:

sudo apt-get install anki

Eu uso mais o AnkiDroid (que pode ser baixado do Google Play) em meu telefone celular, já que ele permite-me a mobilidade para a aprendizagem em qualquer lugar. O bacana do Anki é que ele é muito divertido. Você aprende, literalmente, brincando. Para uma lista das muitas cartas disponíveis para usar no Anki, visite este link.

Não canso de enfatizar a importância da aprendizagem de outras línguas. Cada nova língua aprendida abre uma porta imensa para mais informações e para a compreensão de outras culturas. Acho um desperdício da nossa capacidade cerebral limitar a sua absorção de conhecimento apenas para o que está disponível em uma língua. Isto sem contar que, no mercado de trabalho, uma segunda língua já é uma obrigação. A partir do domínio de um terceiro idioma é que oportunidades mais significativas passam a surgir.

Ter um hobby também é importante no ambiente de aprendizagem. Quando o cérebro é estimulado em seus componentes criativos e analíticos ele funciona melhor, fica mais propenso a receber novos dados. Sobre isso eu não vou escrever mais nada aqui. Uma simples busca pela palavra "cérebro" no Instituto de Desenvolvimento do Potencial Humano já lhe dará os argumentos necessários para convencê-lo. Procure que seu hobby seja algo bem diferente de seu trabalho habitual. No meu caso, sou apaixonado pelo meu trabalho e costumo dizer que ele é meu hobby -- isso não vale! Justamente por isso procuro fugir um pouco de tudo o que é relacionado à tecnologia para manter minha proximidade com o violão, que já toco, e buscar aprender alguma outra coisa (atualmente, gaita de boca).

Nunca despreze suas oito horas de sono. É ao dormir que as informações capturadas são organizadas dentro do cérebro, é quando seu aprendizado solidifica-se. Enquanto você dorme é como se o seu inconsciente ficasse brincando de PiggyDB (ver o terceiro artigo dessa série), criando conexões entre seus infinitos fragmentos de conhecimento e permitindo que novas ideias brotem a partir destas conexões.

Por fim, o último componente do ramo Atividade é a meditação. Comecei a meditar ainda na infância acompanhando minha mãe, a dona Ione, em suas aulas de Yoga. Interessantemente, minha segunda professora de violão, a dona Terezinha, era também a professora de Yoga da minha mãe. Durante a minha vida tive ocasiões em que dei mais ou menos atenção à meditação. Foi quando morei em Brasília, recentemente, que voltei à prática mais constante, depois de acompanhar o meu amigo Daniel Teles em um curso de meditação da Sociedade Vipassana.

A meditação consiste em dar um espaço de tempo para que o próprio cérebro saia da simples produção de conteúdo para a observação de seu fluxo. Como disse nosso professor de meditação Vipassana, é como se a gente estivesse o tempo inteiro dentro de um rio, que é onde estão nossos pensamentos, e a meditação é sentar-se à margem do rio para observá-los, sem crítica ou julgamento. Como o nosso cérebro ocidental não está muito acostumado com estas coisas nós temos que treiná-lo a fazer isso, sentar-se à margem do rio. Uma boa técnica é focar nosso cérebro na observação de nossa respiração (ar entrando, ar saindo) e, ao notar que ele começa a ocupar-se com outra coisa, conduzi-lo de volta à observação da respiração. Conseguir fazer isso já é meio caminho andado! Um treino de dez minutos por dia, para começar, já produz resultados notáveis. Muitos estudos sérios comprovam a eficácia da meditação. Apenas em português o Google Scholar aponta quase 24.000 trabalhos acadêmicos sobre o assunto, 420 apenas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Nota: Por uma dessas sincronicidades da vida, eu falei para o Daniel Teles sobre este artigo que estava escrevendo. Ele havia acabado de fazer uma apresentação sobre meditação em seu curso de oratória. O Daniel gentilmente permitiu que sua apresentação, que converti para o Prezi a partir dos originais, fosse compartilhada com meus leitores:

Para terminar, deixo aqui um vídeo do monge Andy Puddicombe sobre a meditação. Está em inglês, assim já fica também como estímulo para você aprender a língua, caso ainda não saiba!

Sobre o autor

Cesar Brod usa Linux desde antes do kernel atingir a versão 1.0. Dissemina o uso (e usa) métodos ágeis antes deles ganharem esse nome. Ainda assim, não está extinto! Escritor, consultor, pai e avô, tem como seu princípio fundamental a liberdade ampla, total e irrestrita, em especial a do conhecimento.

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