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Percepções erradas sobre a origem do sucesso

Por Cesar Brod

Data de Publicação: 10 de Junho de 2009

Um artigo de Flávia Nunes, de 9 de junho de 2009, no Portal do Administrador fala sobre uma palestra do professor de Business Administration da Stanford University, Jeffrey Pfeffer. Segundo o professor, "Não existe nenhuma comprovação da vantagem de dar o primeiro passo. Isso não garante sucesso". Fiquei pensando na quantidade de "primeiros passos" dados no mundo da tecnologia e em quanto esta afirmação é, em boa parte, verdadeira. Quem ainda usa o AltaVista para fazer buscas na web? E seu tradutor, o Babelfish, que agora é do Yahoo? Qual será o cenário dos portais de busca em alguns anos, quando novas tecnologias como as propostas pelo Wolfram Alpha se consolidarem? Será que iremos lembrar do Google como hoje lembramos do AltaVista?

Falando em pioneirismo, lembrei do Mosaic, o primeiro navegador web que utilizei. Ele foi desenvolvido dentro do National Center for Supercomputing Applications, nos Estados Unidos, por Marc Andreessen. O Mosaic era distribuído em disquetes de 5 e 1/4 quando se assinava o provedor da RNP, isto lá em 1993. O próprio Marc lançou, em 1994, o Netscape, que acabou dando origem à Netscape Communications, que depois foi comprada pela America Online em 1999. Em 2003 a Mozilla Foundation passou a trabalhar com o código aberto do Netscape, dando origem ao Mozilla (que já era o nome do "motor" do Netscape) e depois ao navegador Firefox e a uma infinidade de projetos. Em 2008 a America Online descontinuou seu suporte ao Netscape e hoje investe em seu próprio browser, o Flock, que também tem como seu motor o Mozilla. Ou seja, as idéias de Marc Andreessen estão aí, mas onde ele anda?

Hoje Marc é sócio de Gina Bianchini na infraestrutura para a criação de redes sociais Ning. O Ning baseia-se em um conceito antiguinho que ganhou um novo nome de marketing, o "viral expansion loop", ou o loop de expansão viral. Em resumo, eu uso uma coisa, gosto muito, falo para mais duas pessoas que também gostam e falam para outras quatro. Por aí vai. Em junho de 2007 havia 60.000 redes hospedadas no Ning, em dezembro 150.000, em abril de 2008 230.000. A estimativa é que em 2010 existam, na plataforma, quatro milhões de redes sociais utilizando a plataforma, com algumas dezenas de milhões de assinantes, com bilhões de páginas visualizadas a cada dia. Como o perfil dos usuários é relativamente bem conhecido, assim como o seu comportamento nas redes, já que todos deixam seus rastros, imagine o potencial disto como ferramenta bem direcionada de marketing. No estilo "crie seu próprio Orkut" o Ning é o pioneiro, mas o Group.Us já é uma alternativa.

Mesmo que surja um novo Ning, com outro nome, de uma coisa eu tenho certeza: ainda vamos ouvir muito o nome de Marc Andreessen, provavelmente associado a outros negócios. Seguiremos ouvindo falar também de Paul Graham, Steve Jobs, Linus Torvalds, Aurélio Marinho Jargas, Rubens Queiroz de Almeida, apenas para ficar em alguns poucos e bons nomes, pois a lista seria interminável.

O professor Pfeffer termina sua palestra dizendo que uma coisa está sim, certamente, ligada ao sucesso: pessoas. "As pessoas são mais importantes, mas as empresas estão demitindo nessa crise". Quem sabe as pessoas devam dar-se conta, finalmente, de sua real importância nesta nova economia que se revela. Empresas acabam, pessoas ficam e bons profissionais seguem adiante. Oxalá a nova economia esteja muito mais baseada em pessoas do que em empresas e dinheiro.

Beijão pra minha afilhada emprestada Angélica Marotti, que enviou-me o artigo da Flávia sobre o professor Pfeffer.

Sobre o autor

Cesar Brod usa Linux desde antes do kernel atingir a versão 1.0. Dissemina o uso (e usa) métodos ágeis antes deles ganharem esse nome. Ainda assim, não está extinto! Escritor, consultor, pai e avô, tem como seu princípio fundamental a liberdade ampla, total e irrestrita, em especial a do conhecimento.

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