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Contos da época do computador à lenha - parte 4

Por Cesar Brod

Data de Publicação: 17 de Abril de 2008

Foi meu pai quem lembrou, ao ler meu artigo Modernas Velharias, de um micro-transmissor de FM, que montei lá por 1979, e serviu, especialmente, para incomodar os outros. O circuito foi baseado em um transmissor FM sem alimentação, que eu havia descoberto na revista Saber Eletrônica. Uma versão semelhante pode ser encontrada nesse artigo da revista, mas pode ser necessário o cadastro no portal da mesma. Para os mais curiosos, a principal modificação foi substituir um circuito retificador e um capacitor eletrolítico por uma bateria de 9V e, depois, por uma fonte de alimentação sem transformador, que eu também montei a partir de instruções da Saber.

O primeiro uso da traquitana era bastante nobre. Eu deixava tocando, no Taterka Linear, um LP dos Almôndegas e o ouvia com o meu rádio Dunga enquanto eu tomava banho. Logo descobri que, com poucas modificações, eu conseguia transmitir o que eu queria para qualquer rádio de FM nas proximidades. Testei bastante com a minha irmã, obrigando-a a ouvir o que eu queria, inclusive a minha voz dizendo a ela que eu precisava usar o banheiro. Mais umas mexidas e eu conseguia tirar da sintonia a TV da nossa vizinha, a Dona Carmela. Desculpa, Dona Carmela! Eu era apenas um jovem inconseqüente!

Mas bacana mesmo era fazer os vizinhos que paravam no bar, ao lado de casa com o rádio do carro a todo o volume, passarem a ouvir nobres músicas gauchescas ou rock de boa qualidade, de acordo com o meu excelente gosto musical. Claro, hoje os rádios FMs foram desbancados por MP3 players, mas ainda deve existir alguma forma de bloquear o créu-créu de nossos ouvidos.

Eu fazia minhas montagens eletrônicas desde 1976, 77, minha primeira galena foi um pouco antes. Uma experiência espetacular foi a luz ritmica. Eu ligava a engenhoca na saída do poderoso Taterka Linear e curtia a trilha sonora do Horizonte Perdido em uma atmosfera psicodélica e consumindo drogas pesadas: eu era viciado em Fanta Uva. Eram três as luzes ligadas ao aparelho: uma azul, uma verde e uma vermelha. Resolvi incrementar o negócio para a minha festa de aniversário e liguei umas 37 lâmpadas em paralelo. Eu só fui entender bem esse negócio de potência depois da escola técnica. Foi um fracasso! Queimou tudo! Meu pai-herói ainda foi tentar encontrar peças substitutas de última hora, mas não deu certo. Afinal, ele comprou umas coisinhas que, na época, chamávamos "pastilhas". Colocadas entre as lâmpadas e seus soquetes, as pastilhas faziam as lâmpadas piscarem intermitentemente. No meio da festa, os convidados, quase sofrendo de ataques epilépticos provocados por aquela piscação toda, desligavam as lâmpadas. Lembra disso, Engenheiro Papolinha?

Roubei do Leandro Ramalho a idéia da Fanta Uva!

Um beijo pra Dona Carmela, grande abraço pro Engenheiro Papolinha e um beijo maior ainda pra minha irmã, a Maria Cecília. Irmã de nerd sofre!

Sobre o autor

Cesar Brod usa Linux desde antes do kernel atingir a versão 1.0. Dissemina o uso (e usa) métodos ágeis antes deles ganharem esse nome. Ainda assim, não está extinto! Escritor, consultor, pai e avô, tem como seu princípio fundamental a liberdade ampla, total e irrestrita, em especial a do conhecimento.

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