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Portais Corporativos 18 - Casa de Cinema de Porto Alegre

Por Cesar Brod

Data de Publicação: 04 de Janeiro de 2008

A cada vez que penso que terminei essa série sobre portais corporativos, os leitores instigam-me a dar continuidade a ela com novas perguntas, comentários e sugestões. Várias pessoas pediram-me um "exemplo real". Eu respondia dizendo que tudo o que escrevi, nessa série, era uma compilação da experiência real da Brod Tecnologia em vários projetos dos quais participou e que não havia muito mais o que eu pudesse escrever sobre o assunto. Outra razão pela qual preferi não escrever, aqui, um "estudo de caso", é que isso poderia parecer propaganda da nossa empresa e este não é o intuito desse espaço. Por fim, cedi às minhas resistências e, com a aprovação da Casa de Cinema de Porto Alegre vou contar sobre este nosso novíssimo projeto.

A Casa de Cinema de Porto Alegre completou 20 anos no dia 22 de dezembro de 2007. Até então, o site da casa era mantido pela sua própria equipe, especialmente pelo Giba Assis Brasil, sócio da mesma, montador de primeira e hacker nas horas vagas. As soluções artísticas e artesanais na confecção do site da Casa exploraram o HTML até os seus limites, com criatividade surpreendente. A evolução da presença da Casa na web pode ser acompanhada na Wayback Machine. Aí está um ponto importante para a proposição de um novo projeto: é necessário conhecer a história do que já existe para que seja criado um entendimento, o mais próximo possível, do desejo do cliente, mas algumas coisas devem ser especialmente consideradas:

  1. O cliente contrata uma consultoria especializada esperando que suas idéias e anseios sejam entendidos, mas não quer apenas uma cabeça que pense igual aos executivos de sua empresa. Ele espera que, a partir desse entendimento, surjam idéias realmente novas;
  2. O consultor pode entender muito do serviço para o qual foi contratado, no caso, o desenvolvimento de um novo portal, mas deve ter plena consciência que é o cliente que entende de seu próprio negócio e, que conhece seus próprios clientes, com os quais tem uma história de relacionamento;
  3. O público do cliente deve receber um novo portal no qual encontre, no mínimo, as informações que já estava acostumado a buscar e seja surpreendido com um leiaute agradável, funcional e "tudo-a-ver" com o negócio do cliente.

Nada disto acontece apenas na pesquisa histórica da evolução do site do cliente e nem em algumas poucas reuniões. É muito comum, ao menos em nosso caso, que uma proposta original seja apenas a base para a construção de um relacionamento, antes de que um projeto seja, realmente, iniciado. Com a Casa de Cinema foi assim. Entre as conversas iniciais e o início do projeto passaram-se oito meses. Esse longo tempo de namoro faz com que a confiança, na relação que se inicia, seja plena e o cliente espera, até mesmo, que o fornecedor seja capaz de tomar decisões sobre a evolução do projeto sem a necessidade de consultá-lo a todo o momento. É preciso sempre lembrar que, se fomos escolhidos para prestar um determinado serviço, é porque o cliente não tem o devido tempo para que ele mesmo o execute, ou porque a execução desse serviço está fora do seu foco estratégico. E o próprio nome da empresa já explicita o foco da Casa de Cinema de Porto Alegre.

O projeto da Casa teve, porém, uma série de particularidades:

  1. Imaginem discutir questões de leiaute com verdadeiros artistas! Os caras são responsáveis pelas melhores obras do cinema brasileiro nas últimas décadas, passando por sucessos recentes como os filmes "Saneamento Básico", "Meu Tio Matou um Cara", "O Homem que Copiava" e o novíssimo "3 Efes". Dentre eles estão escritores, roteiristas, atores e professores de Cinema. Muitas coisas que considerávamos axiomáticas passaram a ser questionadas, desde onde rolar ou não a página até o posicionamento de alguns itens. E sabemos que ainda temos espaço para evolução e aprendizado;
  2. Uma vez aceita a nossa proposta, tivemos menos de 20 dias úteis para entregar a primeira versão. Isto não seria uma surpresa tão grande assim, afinal, uma vez aceita uma proposta, o cliente fica ansioso para ver o seu resultado e poder julgar o valor de seu investimento. Acabou sendo pois o projeto é extenso e tivemos que negociar o que entraria no ar em um primeiro momento e quais funcionalidades seriam entregues posteriormente.

Em nossas reuniões e trocas de emails, já procuramos expor para a Casa, de maneira simples, como seria o novo portal, de acordo com o desejo deles e com o que poderíamos entregar no limite de tempo. A cada interação com a Casa, desde antes da proposta, já fomos traduzindo o que seria o trabalho em User Stories, que depois foram apresentadas aos parceiros escolhidos para a execução do projeto.

A Dobro Comunicação responsabilizou-se pela arte e leiaute do portal, trabalhando com elementos de uma sala de cinema e outros que remetem à cinematografia. Estes elementos são, ora evidentes, ora discretos, buscando proporcionar aquela impressão de que sempre pode haver algo que não percebemos em uma primeira visita. A SizeOf ficou encarregada de trabalhar todos os elementos do leiaute e colocá-los em um site dinâmico, com todos os dados armazenados em uma base de dados e uma interface para a gestão de conteúdo que controlasse todos os elementos do portal sem a necessidade de conhecimento técnico. Os desafios impostos pelo leiaute feito pela Dobro acabaram por despertar na SizeOf aquela vontade nerd de buscar a perfeição absoluta. A Joice, pela Brod Tecnologia, ficou responsável por conter as aloprações gerais para que o novo portal entrasse no ar no dia 22 de dezembro. Funcionou tudo? Claro que não!

Transparência radical foi a tônica do desenvolvimento desse projeto. O cliente foi exposto, temerariamente, a tudo. Afinal, o tempo era muito escasso e não havia como apresentar um resultado final e perguntar: Tá bonito? A construção foi conjunta, a Clarissa, da Casa, que o diga (e dirá ainda muito!).

O Rodrigo, da Dobro, ficou o tempo inteiro acompanhando a evolução da "dinamização" do portal. Afinal, a arte dele deveria ficar imaculada! Mais adiante ele aceitou, sem concordar muito, que uma mácula aqui e outra ali poderiam ferir a obra momentaneamente - apenas momentaneamente! É um filho que nasce lindo, mas prematuro.

Acabamos de voltar da festa de comemoração dos 20 anos da Casa de Cinema de Porto Alegre. É madrugada do dia 23 de dezembro. Tem, ainda, muita coisa a ser feita. Mas, decidimos agora, parar, olhar, admirar, pensar no que ainda falta, com mais calma e novo prazo: a segunda semana de janeiro de 2008. A Casa de Cinema não é apenas cliente, mas cúmplice da Brod Tecnologia. Os parceiros de desenvolvimento, a Dobro e a SizeOf juntam-se a essa cumplicidade.

Acabo de ler Funky Business, que o Rubens Queiroz me emprestou. Dentre outras coisas, os autores falam da nova estrutura de parcerias de desenvolvimento e relações com clientes. Eu não tinha ainda um nome para definir este projeto com a Casa de Cinema. Agora eu sei! Foi Funky! Vai ser durante muito tempo! E é assim que tem que ser!

Abraços a todo o pessoal da Casa! Obrigado pela oportunidade e pelas múltiplas taças de Prosecco!

Sobre o autor

Cesar Brod usa Linux desde antes do kernel atingir a versão 1.0. Dissemina o uso (e usa) métodos ágeis antes deles ganharem esse nome. Ainda assim, não está extinto! Escritor, consultor, pai e avô, tem como seu princípio fundamental a liberdade ampla, total e irrestrita, em especial a do conhecimento.

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