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TV Digital

Por Cesar Brod

Data de Publicação: 14 de Dezembro de 2007

Fui convidado pela Rádio Independente de Lajeado a falar sobre TV Digital. Confesso que só então parei para pensar um pouco sobre o assunto. Não que eu não acompanhe a evolução da tecnologia ou que seja um total ignorante sobre o assunto mas, ao preparar-me para a entrevista, descobri o quanto tenho de dúvidas sobre o real futuro da TV Digital. Talvez por morar em Lajeado e, quem sabe, com sorte consiga captar o sinal da TV digital vindo de Porto Alegre lá por meados de 2008, não está nos meus planos a aquisição de um novo televisor ou um decodificador. Como já fui assinante de serviços como Sky e DirecTV, que já são, em essência, TV Digital, minha curiosidade sobre o assunto está em baixa. Afinal, a cobertura total do território nacional por essa nova tecnologia está prevista apenas para 2016. Até lá, muita água vai rolar.

Claro, a pesquisa em torno do assunto e a quantidade de dinheiro envolvida no financiamento, tanto dessa pesquisa quanto da possibilidade do governo subsidiar a venda dos equipamentos ao usuário final é instigante. O formato de compressão de vídeo, MPEG 4 H.264, é muito superior ao MPEG2, usado pelos provedores de TV via satélite hoje, o que já proporciona uma melhora significativa da imagem. Além disso, o framework Ginga para o desenvolvimento de aplicações para a TV digital traz uma promessa de interatividade que mudará nosso jeito de ver TV. Em um programa de calouros, por exemplo, ao invés de jurados serão os expectadores que vão selecionar seu candidato.

Mas mudando de saco para mala, dados do Comitê Gestor da Internet no Brasilmostram que o número de computadores nos domicílios brasileiros aumentou de 17% em 2005 para 20% em 2006. Aparelhos de televisão, porém, já atingem a quase totalidade do povo brasileiro. Há mais espaço para o crescimento no número de computadores do que no de televisores. Compare o preço de uma TV Digital hoje com o de um bom computador multimídia, mesmo considerando o custo de assinatura mensal de um provedor de acesso à internet. O número de aplicações possíveis em um coputador será, sempre, infinitamente maior do que o que será possível em um aparelho de TV digital.

Imagine, nesta água que vai rolar até 2016, o quanto cairá o custo dos computadores e da conexão à internet, o quanto aumentará a usabilidade e a facilidade de acesso. Também, mesmo hoje, a promessa de interatividade da TV digital é suprida, mesmo que em parte, pela própria internet, telefone fixo e celular, usados, por exemplo, para mandar _brothers_ para o paredão. A programação sob demanda, aquela que a gente assiste na hora em que quer, como quer, já vem avançando tanto através do YouTube, GoogleVideos, MySpace e, de forma mais sofisticada, através de ferramentas como o Joost e o Miro. Vale também ficar de olho em tecnologias como o Silverlight e o Moonlight.

Mesmo sendo válida toda a pesquisa e investimentos em TV Digital, eu vou esperar ao menos uns cinco anos antes de pensar em gastar dinheiro com um aparelho destes. Até lá, minha aposta é que tudo o que for desenvolvido hoje para a TV digital será aproveitado pela TV via internet e que, bem antes de 2016, os aparelhos e decodificadores vendidos hoje estarão obsoletos.

Um abraço a toda a turma da Rádio Independente e outro bem grande ao Arnaldo Jabor, que está aqui do meu lado no aeroporto de Congonhas. Acabo de contar para ele sobre minha idéia para o Prêmio Arnaldo Jabor para o melhor texto falso atribuído a ele, destes que a gente recebe uns sete por dia por email.

Sobre o autor

Cesar Brod usa Linux desde antes do kernel atingir a versão 1.0. Dissemina o uso (e usa) métodos ágeis antes deles ganharem esse nome. Ainda assim, não está extinto! Escritor, consultor, pai e avô, tem como seu princípio fundamental a liberdade ampla, total e irrestrita, em especial a do conhecimento.

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