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Dicas-L - A beirada sangrenta...

Por Cesar Brod

Data de Publicação: 12 de Junho de 2007

O título deste artigo até parece o de um filme do Quentin Tarantino, mas não é! É a tentativa de tradução da expressão bleeding edge, que em inglês costuma determinar as novíssimas tecnologias, mais ousadas que aquelas que estão no limiar da liderança, para o qual existe, ainda, uma outra expressão: leading edge.

Considero a pesquisa tecnológica acadêmica como esta "beirada sangrenta", o bleeding edge do desenvolvimento. O novo tem a plena liberdade de surgir sem o compromisso ou a necessidade de vir a tornar-se produto, o risco de que uma pesquisa não dê em nada (ou possa ser superada por outra) é muito grande e perfeitamente aceitável, o que é absolutamente necessário para o surgimento de novas tecnologias. É por esta razão que algumas empresas investem na pesquisa acadêmica (e deveriam investir ainda mais!). Deste caldeirão de idéias, boa parte delas acaba trazendo soluções e definindo tendências que o mercado só seguirá muito tempo depois.

Quando começamos a discutir, no início de 2006, o que seria o laboratório de interoperabilidade e desenvolvimento open source da Microsoft aqui no Brasil, espelhando iniciativas que já aconteciam nos Estados Unidos, tínhamos algumas dúvidas sobre qual seria seu formato. Mas tínhamos duas grandes certezas:

  1. Toda a produção derivada dele deveria estar disponível sob uma licença de código aberto;
  2. Deveríamos buscar a aproximação e trazer investimentos para parcerias com a academia.

Descobrimos que o formato de nosso laboratório é algo evolutivo, justamente graças à interação com a comunidade e especialmente graças às novas idéias que surgem a cada dia na nossa relação com instituições como a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Aqueles que visitam nosso projeto podem até não encontrar, ainda, um instalador facilitado para este ou aquele software que está sendo desenvolvido, ainda que procuremos, também, formas de melhorar isto. O fato é que os desenvolvedores, bolsistas de nosso projeto, buscam concentrar a maior parte do seu tempo justamente naquilo que há de mais inédito, sendo muitas vezes difícil fazer com que um script de instalação acompanhe cada coisa nova que é desenvolvida a cada dia. Por outro lado, como o código é aberto e visível a todos, e o CodePlex permite a interação com os desenvolvedores através de várias formas (comentários, issue tracker), a comunidade está sempre convidada a participar e integrar-se a aos desenvolvimentos de nosso núcleo.

Na primeira fase de nosso projeto abordamos um dos principais aspectos de interoperabilidade entre sistemas operacionais distintos, que é a possibilidade de se ter um login único dos usuários independente dos sistemas e aplicações que utilizam, especialmente com o uso dos sistemas de diretórios Active Directory e OpenLDAP. Nesta nova fase, o projeto AD+OLDAP ganhou sua própria página no Codeplex, onde o Guilherme está validando e complementando o que foi desenvolvido. Além disto, o Guilherme registra em seu blog a evolução do seu trabalho e aponta para links importantes, como os hands-on labs (guias para laboratórios práticos sobre o tema) desenvolvidos pela equipe do LMS-Unicamp.

No projeto de High Performance Computing, Danilo está desenvolvendo a documentação sobre a instalação de clusters ao mesmo tempo em que estuda e faz, ele mesmo esta instalação. Junto com os textos que desenvolve, Danilo junta uma ampla referência de links na Web sobre o assunto.

Caetano já iniciou a construção de um protótipo que converte documentos para o formato OpenXML. Inicialmente, o mesmo irá tratar da conversão de arquivos no formato RTF, para testar o conceito de um webservice que poderá ser utilizado por outros sistemas externos para esta conversão.

O projeto VART é um bom exemplo de tecnologia "bleeding edge", mas que já encontra uma grande possibilidade de aplicações. Para dar uma idéia destas possibilidades, Andréia publicou o vídeo de um humanóide, gerado no VART e falando em LIBRAS, a linguagem de sinais dos surdos.

Por fim, no projeto VISA - Virtualization Instruction Set Architecture, Manuela publicou informações sobre as ferramentas ArchC e SystemC, que serão usadas para a simulação da arquitetura multicore na qual será implementado o conjunto de instruções para a virtualização de sistemas operacionais, algo que certamente interessará tanto aos desenvolvedores de hardware quanto de sistemas operacionais.

Ao longo deste texto mencionei vários participantes de nossos projetos. Você pode saber mais sobre eles visitando a página de nossos projetos, indo diretamente para o link Equipe. Como mencionei anteriormente, há espaço nos vários links deste artigo para que as pessoas possam participar com críticas, sugestões, e até código!

Sobre o autor

Cesar Brod usa Linux desde antes do kernel atingir a versão 1.0. Dissemina o uso (e usa) métodos ágeis antes deles ganharem esse nome. Ainda assim, não está extinto! Escritor, consultor, pai e avô, tem como seu princípio fundamental a liberdade ampla, total e irrestrita, em especial a do conhecimento.

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